03/06/2017 - LONGE DE DECOLAR
A divulgação do IBGE, três meses depois, no dia 31 de maio,
do crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre de 2017, gerou comemoração do
governo federal. Porém, o incremento foi muito influenciado pela alta
registrada, no período, de 13,4% na atividade agropecuária. A variação do setor
de serviços foi nula. Houve alta de 0,9% no setor industrial. O setor externo
também foi favorável. Havia exatamente dois anos de queda do PIB. Voltou a
crescer, segundo o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o Brasil saiu da
recessão. Na verdade, o PIB parou de cair. Considerando a queda da inflação e da
taxa básica de juros e da enorme safra, ainda não se pode acreditar que os
ambientes do setor industrial e do setor de serviços deixaram de ser recessivos.
Por outro lado, se comparar o primeiro trimestre de 2016, quando o PIB recuou
1%, o incremento de 1% agora, empatou. Quando se toma os três trimestres
anteriores mais o primeiro trimestre de 2017, o PIB é negativo em 0,4%. O
incremento acima revelado está descolado do investimento global, que é o
indicador decisivo para a expansão e geração do emprego, o qual segue em queda.
Olhando outro período, embora bem próximo, de janeiro a abril, a compra de
máquinas e equipamentos, para ampliar a capacidade industrial caiu. No
trimestre o investimento global recuou para 15,6%, sendo o pior patamar
registrado em um trimestre, na série histórica do IBGE, iniciada em 1996. O
investimento global está em queda há 12 trimestres consecutivos. A demanda
doméstica, relativa ao consumo das famílias e aos gastos do governo também
recuou. Logo, a demanda interna recuou. O que fez a demanda global crescer foi
o saldo positivo do setor externo.
Vendo a equação + PIB = - C – I – G + (X – M). O PIB subiu; o consumo caiu; o investimento
caiu; o gasto do governo caiu; o setor externo subiu. C = consumo das famílias;
I = investimentos das empresas; G = gastos do governo; X = exportações; M =
importações. Ou seja, o incremento do trimestre no PIB se deveu ao grande
desempenho da produção de grãos, enquanto os outros grandes agregados
macroeconômicos caíram, à exceção do setor externo, para onde foi a grande
maioria dos grãos agrícolas para a exportação.
Não há muito ainda para comemorar. Pelo contrário, a apreensão
é ver quando o investimento privado irá voltar a elevar a sua participação no
PIB e germinar o ansiado progresso. O crescimento é frágil. O temor é de alívio
efêmero.
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