28/02/2017 - COMPETITIVIDADE CHINESA
No final de fevereiro de 2007, há dez anos, o Banco Central
continuava comprando dólares e as reservas internacionais chegaram a US$170
bilhões. Desde 2004, o BC tinha adquirido US$70 bilhões. Hoje as reservas estão
por volta de US$360 bilhões. O Brasil nunca mais sofreu ataque especulativo a
sua moeda, o real. O último foi no segundo mandato de FHC, em 1999. De lá, para
cá, o Brasil formou um colchão delas. Uma triste ironia. Precisa ter moeda
estrangeira para se proteger. Entretanto, tal dinheiro aplicado rende de 0,5% a
1% ao ano, enquanto a dívida pública brasileira paga agora 12,25% de juros
médios anuais, como referência da SELIC. Há dez anos os chineses cresciam a
média anual de 10%. Hoje, acima de 6% anuais. Os chineses são hoje o maior
parceiro comercial brasileiro. A economia chinesa é a segunda do mundo.
Há décadas que ouvimos falar que os chineses são mais
competitivos porque tem a mão de obra mais barata do mundo e chegaram a dizer
que havia até trabalho escravo. Sendo assim, a China também vinha e vem tendo
muitos anos consecutivos de estupendo crescimento econômico. No passado de mais
de três décadas atrás se falava que o produto chinês era barato porque era
falso ou de baixa qualidade. A China exportava commodities, intensivas em
trabalho, seu fator abundante e barato. Entretanto, por volta de três décadas
os chineses se tornaram competitivos nas exportações de produto de alto conteúdo
tecnológico, ficando em algumas áreas de eletroeletrônicos na vanguarda. Quando
se falava em uma grande oportunidade de comércio era fazer “um negócio da
China”.
Contudo, isso mudou. Estudo da consultoria Euromonitor
Internacional, constante de reportagem da Folha, de ontem, mostrou que,
enquanto o salário médio por hora no Brasil recuou 13%, na China triplicou em
uma década. Assim, hoje um trabalhador médio brasileiro ganha menos do que um
chinês. O salário médio lá já supera o de toda a América Latina. Os níveis de
rendimento estão crescendo em toda economia asiática em referência. O salário
médio chinês passou de US$1.50, em 2005, para US$3.60 em 2016. No Brasil era de
US$3.40, caindo para US$3.00 no mesmo período. Em termos de reais, o salário
médio do brasileiro estaria em torno de R$2.000,00 e o chinês em R$2.600,00, em
média mensal. Em outros cálculos, no México, caiu de US$2.00 para US$1.80. Na
Colômbia ficou estável em US$1.80. Nas Filipinas se elevou de US$1.70 para
US$1.90. Na Tailândia passou de US$1.60 para US$2.20.
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