08/02/2017 - DEBATE SOBRE TAXA DE JUROS




Relembrar dez anos nem sempre será interessante, conforme não se fez dois dias atrás. Daí, que aqui se comentam três dias escritos. No dia 06-02-2007 se falava de “Ameaça de novo apagão de energia”, que não ocorreu. No dia 07-02-2007, o comentário era sobre “PIB e embrulho jurídico”, que impediria o “espetáculo do crescimento”, referido por Lula, frustrado quatro anos depois. No dia 08-02-2007, “ENEM”, o resultado do segundo exame indicava 3,7 milhões de escritos. No ano passado foi o dobro. Porém, a média do ENEM praticamente inalterada de 3,7.

O assunto do dia é reportar-se ao livro clássico de John Maynard Keynes, intitulado TEORIA GERAL, tem como subtítulo “do emprego, dos juros e da moeda”. Ele elegeu estes três ícones como fundamentos para o governo exercer a política econômica. O desemprego infelicita grande parte da sociedade. Mas, Keynes sabia que na sociedade capitalista haveria de ter certa dose de desemprego. Diferente dos neoclássicos que trabalhava com o modelo em pleno emprego. Karl Marx informava também ser impossível isso, já que o capitalismo necessita de “exército de reserva”, para rebaixar os salários. Para diminuir a infelicidade, ambos acreditavam em juros baixos, para ter inflação insignificante. Em caso contrário (só Keynes), em juros altos para combater a inflação.

Um dos erros da ex-presidente Dilma foi de, ao encontrar juros bem altos no Brasil, querer, na marra e veladamente, baixá-los, para combater a inflação. No entanto, ocorreu o contrário, os menores juros da história nacional, em 7,25% ao ano, fez recuar os agentes econômicos e recrudescer a inflação. Portanto, o corte abrupto, em um ano de 5%, na SELIC, fez a inflação ir ao contrário, um dos seus maiores desastres.
Agora, um dos autores do Plano Real, André Lara Resende, acredita que o governo deveria baixar mais a taxa básica de juros para incentivar o crescimento. Mas, não se referiu a corte tão forte como fez Dilma. Isto, em artigo do início de janeiro. Logo, em seguida, o Banco Central reforçou a terceira queda da SELIC, em 0,75% (as duas anteriores foram de 0,25%, cada uma, reiniciando o ciclo de baixa dela, depois de mais de quatro anos de ciclo de alta), agora em 13%. Em artigo no jornal Valor, intitulado “Juros e conservadorismo intelectual”. Ele se expressou: “Como é possível que, depois de dois anos seguidos da queda do PIB, do aumento do desemprego, que já passa de 12% da força de trabalho, a taxa de juro no Brasil continue tão alta, enquanto no mundo desenvolvido os juros estão excepcionalmente baixos?” Conforme artigo de hoje, na Folha, de Élio Gaspari, intitulado “Estão patrulhando André Lara”, citando como exemplo que “o artigo recebeu mais ataques que o texto de Carlos Marighella ‘Algumas questões sobre as guerrilhas no Brasil’, publicado no Jornal do Brasil, em setembro de 1968”. Criticava, assim, Armínio Fraga e Samuel Pessôa, chamados de ‘inquietos’ economistas da tribo de ortodoxos e partidários de cortes lentos de juros. É claro que Lara Resende está correto.

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