11/02/2017 - TAXA DE JUROS POLEMIZA
No dia 11-02-2017, intitulava-se de “Crescer em outras
bases”, o artigo que via controvérsia da mudança do modelo econômico de Lula do
1º para o 2º mandato. Na verdade, no 1º ele foi ortodoxo. No 2º, heterodoxo.
A polêmica de agora. Não é de agora. Na antiguidade, os portadores
de dinheiro inventaram uma remuneração por deixarem de consumir no presente,
para consumirem no futuro: um prêmio, o juro. Os tomadores de dinheiro pagavam
uma taxa de juros, para investirem na produção ou no consumo. Desde a Idade
Média que os altos juros são condenados, através da Lei da Usura. A
Constituição de 1988 possui um artigo, nunca regulamentado, que fixa os juros
em 12% ao ano. Quem pratica a agiotagem estão sujeitos à prisão. Os cartões de
crédito até pouco tempo cobravam juros superiores a 14% ao mês. Pior do que os
agiotas. Por seu turno, a política monetária tem como principal variável a taxa
básica de juros. No caso brasileiro se chama de SELIC. O Banco Central (BC) se
reúne a cada 45 dias, por dois dias, sendo o mais esperado o que o BC pode ou
não fazer com a SELIC. Os mercados sabem que a teoria comprova que a taxa alta
inibe o crescimento e combate a inflação; que a taxa baixa, estimula o
crescimento, mas traz de volta a inflação. Portanto, tem-se que ter uma taxa de
juros de equilíbrio. Esta define a taxa de inflação e a taxa de crescimento.
A polêmica de agora foi aberta por artigos de André Lara
Resende, um dos autores do Plano Real e que foi autoridade monetária com o
tucanato. Vários economistas famosos, tais como Antônio Delfim Netto, Samuel
Pessoa, Armínio Fraga e o famoso jornalista Élio Gaspari, têm tido espaço
principalmente na Folha. Agora foi a vez de extenso artigo de Fraga, que já foi
presidente do BC, ontem, intitulado “O debate a respeito da taxa de juros no
Brasil é imprescindível”. Um passeio sobre o fato de que a teoria não se
verifica no mundo desenvolvido, já que a taxa de juros está próxima de zero, a
inflação está baixa por longo tempo e o crescimento econômico médio varia até
3% anuais. Não disse ele que isso ocorre em defesa da mais severa recessão que
eles enfrentaram, a partir de 2008 e se recuperaram há três anos. Sem dúvida, a
taxa de juros deles irá subir como já aconteceu nos Estados Unidos. No Brasil,
aconteceu por décadas altas taxas de juros, elevadas taxas inflacionárias. Há
por volta de duas décadas taxas de inflação bem comportada e os juros reais
continuam como mais altos do mundo. Para ele, o que Lara Resende defende de
redução mais forte das taxas nominais de juros seria um atalho e recorda os
erros de Dilma, quando baixou a SELIC em 5% por um ano, mesmo com alta
inflacionária. A sua ideia é de que o BC continue conservador. O atual
presidente do BC, Ilan Goldfajn estima que a inflação irá convergir para 3%
anuais e a SELIC irá cair mais tempo. Em toda a polêmica, poderá dar certo com
Ilan, porque as demais políticas econômicas estão conservadoras.
Comentários
Postar um comentário