25/11/2016 - DESIGUALDADES NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA




O País é um dos mais desiguais do mundo, conforme milhares de estudos divulgados. A propósito, no livro “Planos Econômicos e Políticas Econômicas Básicas”, do professor Paulo Brito, há um capítulo sobre o assunto. Assim, a desigualdade dentro de uma nação pode ser vista do ponto de vista (1) regional, (2) dos setores produtivos, (3) entre capitalistas e trabalhadores, (4) entre níveis de renda dos trabalhadores. O artigo de Clóvis Rossi, da Folha, de ontem, trata das óticas (3) e (4).

O citado artigo, denominado por “Desigualdade obscena” começa assim: “Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, mas com muito mais intensidade no período Lula, a máquina oficial de propaganda vendeu a lenda de que a desigualdade no Brasil se reduziu substancialmente. Mentira, conforme já escrevi um punhado de vezes nos diferentes espaços nesta Folha, mas uma mentira comprada mecânica e acriticamente pela maioria absoluta dos jornalistas, até por alguns muito competentes. Nem quando surgiu um fundamentado estudo de técnicos do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), demonstrando a falácia, houve retratação à altura. Agora, aparece novo estudo que informa, corretamente, que a taxa de redução da desigualdade no Brasil permaneceu estável entre os anos 2000 e 2014, exatamente o período em que mais se propagou a lenda. O estudo é do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e mostra que, apesar do crescimento de renda das pessoas mais vulneráveis e extremamente pobres, o Brasil não conseguiu, em 14 anos, diminuir o fosso entre ricos e pobres. Colaboraram no estudo o já citado Ipea e a Fundação João Pinheiro. O que melhorou – assim mesmo de forma ‘inexpressiva’ – foi o índice de Gini, mas este mede apenas a diferença entre salários, que não é a principal fonte de desigualdade. O que torna obscena é a disparidade entre o rendimento do capital e do trabalho, mas medi-la exige pesquisas muito mais abrangentes e sofisticadas do que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, fonte de referência do índice de Gini. No mesmo dia em que era divulgado o estudo sobre a desigualdade de três respeitáveis fontes, apareceu também uma pesquisa que talvez explique porque a desigualdade é uma chaga permanente na pele do Brasil. Trata-se de uma dos países menos preocupados com a pobreza e a desigualdade social, como mostra a edição mais recente da pesquisa ‘What worries the world’ (‘O que preocupa o mundo’), realizada pela Ipsos em 25 países entre 26 de setembro e 7 de outubro. A Ipsos é uma empresa de pesquisa em 27 países. De acordo com o levantamento, apenas 21 dos pesquisados no Brasil citaram as duas questões como sua maior preocupação, o que coloca o Brasil em penúltimo lugar nesse quesito entre as 25 nações pesquisadas”. Segundo Rossi, em outras pesquisas o que mais tem preocupado os brasileiros são a corrupção, a saúde e a violência.

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