12/11/2016 - ESPECULAÇÕES NO MERCADO MONETÁRIO MUNDIAL




John Maynard Keynes, em seu livro “Teoria Geral, dos juros do emprego e da moeda”, refere-se a que as pessoas demandam dinheiro por três motivos: transação, precaução e especulação. Os economistas clássicos só se referiram as duas primeiras. No entanto, Keynes introduziu o motivo de especulação. Ou seja, os indivíduos ou empresas demandam dinheiro para ganhar mais dinheiro ou algo que o valha. Observava ele, nos primeiros cinquenta anos do século XX, que havia grandes problemas nas trocas mundiais, perante inúmeras moedas, sendo o exemplo clássico de hiperinflação, quando, antes do III Reich, precisava-se de um caminhão de dinheiro para comprar-se um simples bem. Os conflitos até se traduziam em guerras armadas. Hoje em dia a especulação é uma guerra de dinheiro. Não foi sem razão, que os Estados Unidos, já o maior país do mundo, com participação superior a 30% do PIB global (hoje está com 25% do PIB), em 1944, convocou 40 países para decidirem acerca da criação do Fundo Monetário Internacional (FMI), na pequena cidade de Bretton Woods, acordo depois ratificado por 60 países, após o término da segunda guerra mundial. Keynes foi o presidente da assembleia de constituição do FMI, representante do Reino Unido. Ficou decidido que as moedas fortes teriam lastro em ouro, sendo o dólar americano a mais forte delas. Portanto, ficou regulamentado o mercado monetário global, ocupando hoje o dólar a representação de cerca de 80% das transações. Antes de 1944, a especulação monetária era pior, mas ainda existe. Pode detonar a economia de um país. O exemplo brasileiro mais recente aconteceu no governo de FHC, em 1998, quando as reservas internacionais do País se esgotaram, obrigando o Brasil a recorrer aos empréstimos do FMI, agência esta que empresta para os países fecharem as suas contas e interferem na política econômica do país assistido. Um país sem reservas é um país muito fraco, à mercê de credores e de importadores. Na primeira década do século XXI, devido ao boom das commodities, o Brasil passou a acumular reservas, pagou ao FMI e hoje tem colchão delas de cerca de US$370 bilhões, que daria, teoricamente, para pagar mais de três anos de importações, sem que o País precisasse importar nada.
O tema especulação, reportando-se a ontem, dia seguinte à eleição de Donald Trump, quando o dólar subiu por volta de 5%. O que aconteceu? Investidores internacionais no País venderam títulos federais, onde estavam aplicados para melhores taxas de juros, para voltarem aos Estados Unidos, onde lá os juros vão subir, conforme discurso de Trump. Isto enfraquece qualquer país, visto que a moeda fraca é um mau sinal. Portanto, há megainvestidores internacionais que especulam com moedas, fazendo ataques especulativos, que, por exemplo, já quebraram um banco na Inglaterra de mais de duzentos anos, há poucas décadas atrás, e que quebraram o Banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, em outubro de 2008, na segunda maior crise capitalista da história, depois da Grande Depressão de 1929. Sem dúvida, eles especulam com dinheiro para ganhar mais dinheiro.

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