02/11/2016 - NÚMEROS AINDA RUINS ATÉ OUTUBRO
O déficit primário cresceu em setembro, para 3,1% do PIB,
quando deveria ter diminuído, segundo pretende o governo, deixando a
necessidade de superávit, mediante ajuste fiscal da PEC 241. Em consequência a
dívida pública em poucos anos, desde 2011, passou da casa de 50% para 70% do
PIB. A propósito, desde o estabelecimento do tripé de estabilização da
economia, em 1999, composto de meta de inflação, câmbio flutuante e superávit
fiscal, houve um consenso de que seria necessário manter um superávit primário
de 3% do PIB, uma razoabilidade para pagar parte dos juros da dívida pública.
Portanto, o esforço é enorme. As receitas mais a redução das despesas agora têm
de ser 6% do PIB. Isto para ficar de acordo com o longo período de 1999 a 2010,
quando o PIB cresceu perto de 4% anuais.
Por seu turno, o Indicador de Confiança da Indústria,
calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), recuou no trimestre encerrado
agora em outubro. Não bastasse após sete altas seguidas, quando acumulou alta
de 11,8 pontos, o Índice de Confiança dos Serviços, recuou 1,7 ponto na
passagem de setembro para outubro, conforme também o acompanhamento da
conjuntura pela FGV. Já a expectativa dos 120 analistas financeiros consultados
semanalmente pelo Banco Central e cujos prognósticos são divulgados toda
segunda feira, no Boletim Focus, foi ampliada recessão estimada deste ano de
3,22% para 3,30%. Pelos mesmos analistas consultados, a previsão para a
inflação oficial deste ano passou de 6,89% para 6,88%, quando há um mês estava
7,23%, mas o índice para o ano que vem permaneceu em 5%, no teto da meta da
inflação, fixado pelo Conselho Monetário Nacional. Seguramente, o mercado
financeiro irá visualizar melhoras ainda pequenas somente a partir do próximo
ano, com agora uma estimativa de 1,21%, quando na semana passada a expectativa
era de 1,23%. O fato é que a aprovação da PEC 241, no Senado, prevista para os
próximos 40 dias, os dois turnos, trará mais confiança dos investidores em que
o governo federal seguirá em frente, embora devagar, nas reformas estruturais
que eles reivindicam, tal como a reforma tributária, previdenciária e
trabalhista, dentre outras. Todas elas de difícil tramitação no Congresso,
esperando a atual equipe econômica a manutenção da base aliada, para conseguir
a aprovação delas. O fato é que, mesmo com os dados ainda ruins da economia
nacional, a bolsa de valores fechou outubro com valorização de 11,23%, índice
próximo de 65 mil pontos, numa valorização deste ano de 50%. É máxima do
mercado de bolsa de valores que ela precifica o futuro. Vale dizer, ela está se
antecipando aos fatos, sugerindo crescimento econômico nos próximos meses.
Porém, ontem, dia primeiro do mês, a bolsa de São Paulo recuou – 2,46%,
mediante especulação de uma provável vitória de Donald Trump nas eleições
americanas. Isto é atípico.
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