06/11/2016 - ECONOMISTAS ORTODOXOS E HETERODOXOS
Nos últimos vinte anos, pelo menos, têm-se sucedido no poder
economistas ortodoxos ou neoclássicos e economistas keynesianos ou heterodoxos
ou desenvolvimentistas. Os ortodoxos são aqueles que acreditam que o papel do
Estado é o de regular as atividades econômicas, através das políticas
monetária, cambial e fiscal de mercados. Para estes deve haver um estado
mínimo, sendo muito poucas as empresas estatais, em áreas estratégicas. Os
heterodoxos são aqueles que acreditam que o Estado deve ser eminentemente
interventor, sem deixar de ser regulador, criando agências reguladoras e
estatais, para não perder o controle também da esfera produtiva. Nos cenários
depois do Plano Real, a partir de 1994, que estabilizou a economia brasileira, Itamar
Franco (1993-1994), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Lula, em seu
primeiro mandato (2003-2006), foram ortodoxos. Ou seja, de 1993-2006, houve um
grupo que dominava a política econômica, economistas ortodoxos que propuseram reformas
estruturais. As novas leis que passaram
a vigorar estabilizaram a economia brasileira, a começar com o próprio Plano
Real, a universalização do ensino fundamental, os sistemas de avaliação da
educação, a implantação do Sistema Único de Saúde, a redução do desmatamento, a
inclusão de negros e pobres nas universidades públicas, as novas políticas de
combate à pobreza e à extrema pobreza, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei
de Acesso à Informação, a MP do Bem.
No segundo mandato de Lula (2007-2010), ele passou a ter uma
equipe econômica heterodoxa, concentrando a economia baseada na expansão do
consumo, do crédito, da construção civil, na escolha de algumas grandes
empresas “campeãs”, para receber crédito bastante subsidiado do BNDES, criação
de muitas estatais, para participar das parcerias público-privadas, no sistema
de partilha da Petrobras e nos programas sociais. As novas bases foram chamadas
de “nova matriz econômica”. A crise de 2008-2009, a segunda maior do
capitalismo, foi enfrentada por Lula com as novas bases heterodoxas citadas.
Deram certo, mas se esgotaram principalmente as bases do consumo, do crédito e
no fracasso elevar o número das parcerias referidas. A presidente Dilma
(2011-2016) ao invés de reforçar o tripé de superávit fiscal, câmbio flutuante
e metas de inflação, estabelecido desde 1999, manteve a equipe do segundo
mandato do presidente Lula, tida como gastadora e estatizante, levando a
déficit primário em 2014, de R$32,5 bilhões, ou de 0,69% do PIB, após 18 anos.
Em 2014, a inflação bateu no teto da meta inflacionária. Em 2015, iniciou um
ajuste fiscal, realizando elevação de preços administrados de energia elétrica,
por volta de 50%, e de combustíveis, quando ambos os grupos turbinaram os
preços em geral. Depois de perder a perna do superávit fiscal, perdeu a perna
de meta da inflação, tendo esta alcançado 10,7% em 2015. A terceira perna, o
câmbio flutuante, também balançou, quando houve uma desvalorização do câmbio de
cerca de 50%, também em 2015. Dilma foi afastada, no segundo semestre de 2016.
O presidente que lhe sucedeu, Michel Temer, voltou a ter nova equipe econômica
ortodoxa.
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