10/11/2016 - PERCEPÇÕES FALSAS DE ESTAGFLAÇÃO E DE TRUMP




Citar o presidente eleito ontem dos Estados Unidos, Donald Trump, tem sido a maior referência na imprensa falada e escrita. Seu discurso de campanha foi ameaçador contra imigrantes, mulçumanos, latinos, hispânicos, negros, mexicanos (afirmou que iria fazer um muro entre México e Estados Unidos), belicista, além de propor aumento de impostos das importações americanas. Também mentiu, falou mal da sua adversária, Hillary Clinton, a quem agora elogia e mostrou lado machista em vídeos. Seu provável secretário de justiça poderá ser o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Juliani, aquele que adotou a “tolerância zero” e realmente reduziu a criminalidade nova-iorquina, sendo truculento. Entretanto, atrapalhar as relações internacionais soou recessivo ou de baixo crescimento do comércio internacional. Em tese, isto não ajuda o Brasil, que tem como segundo maior parceiro comercial os Estados Unidos. Falava-se que os acordos entre os dois países pelo menos atrasariam. No entanto, no discurso de vitória já mudou o tom de cordialidade e de conciliação. Afinal, muito do que poderá fazer depende do congresso americano. Poderá até inverter suas ideias. A história revela que os presidentes democratas dos EUA, são democratas para eles, mas protecionistas na economia mundial. Já os republicanos são liberais e defensores de liberdade do comércio. É bom lembrar que George Bush, um republicano, muito contribuiu para a derrubada do muro de Berlim. O presidente americano não faz só o que quer.

A influência do discurso de Trump sobre o Brasil é de efeitos negativos. Porém, “a teoria na prática é outra”. Por exemplo, ao rever acordos isto poderá beneficiar o comércio com o Brasil. O fato é que o Brasil atravessa forte recessão. A saída dela então será pelas ações na demanda agregada, através de política fiscal e monetária. Ou seja, obter superávit fiscal e baixa taxa inflacionária, para depois voltar a crescer. FHC fez isso e, Lula também, posição ortodoxa. Defende o governo a PEC 241, de impor um teto aos gastos públicos e, demais reformas estruturais, tais como a previdenciária, trabalhista, fiscal e política. Economistas keynesianos acreditam que o Brasil vive uma estagflação, fenômeno que, para eles, aqui já ocorreu várias vezes, caracterizado pela coexistência de altas taxas de inflação e de taxas de crescimento do PIB próximas de zero. Nos países que sofrem a estagflação a posição do Estado é muito grande. No Brasil, a carga tributária é de cerca de 36% do PIB e somente a despesa pública primária é de 20% do PIB, ultrapassando os 36% dos tributos referidos, já que é grande o déficit fiscal há três anos consecutivos. Para eles, o governo deveria estimular a oferta global e não contrair a demanda agregada. O diagnóstico de estagflação está errado, no Brasil de hoje, visto o óbvio, de forte recessão.

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