23/11/2016 - EMPRESÁRIOS ESTÃO INSEGUROS
Reunindo 96 membros (59 deles novos), pela primeira vez
Michel Temer reuniu o Conselho de Notáveis, criado por Lula. O presidente
insistiu na tese de que se deve desdobrar, como se fosse ma missa, o discurso
de otimismo. Os empresários sugeriram a ele que acelere reformas e medidas,
mesmo que impopulares, para retomar o crescimento econômico. A esperada
retomada da economia em 2017 não é uma certeza para os membros do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, em reunião de dois dias atrás. O homem mais
rico do Brasil, João Paulo Lehman, que mora na Suíça, nada declarou sobre os
holofotes. Mas afirmou que “a vida está dura até para vender cerveja”. Ele 7m
dos donos da AMBEV. Abílio Diniz, veterano empresário da área de supermercados
e do grupo alimentício BRF, não escondeu o pessimismo e descartou a retomada do
crescimento no curto prazo. A presidente da LATAM Brasil, da área de aviões,
Cláudia Sender, advoga ações de sustentabilidade econômica. O presidente do
Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, do segundo maior grupo financeiro, afirmou que o
pior já ficou para trás. O presidente do Itaú/Unibanco, Roberto Setúbal, do maior
conglomerado financeiro, afirmou que só acreditará em crescimento anual acima
de 2%, se for possível realizar três reformas: a trabalhista, a das regras de
intermediação financeira e a política. Surpreende porque não se vê muitos
empresários defendendo novas regras financeiras. O presidente da Federação de
Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, defendeu reformas estruturais do País, as
quais poderão reverter o atual quadro recessivo.
O cenário principal está no resumo das contas públicas, da
maior gravidade: déficit primário, que saiu de 1% em 2014 e está hoje por volta
de 3% do PIB; dívida bruta acima de 70% do PIB
e déficit nominal por volta de 10% do PIB.
No balanço de seis meses do governo de Michel Temer,
iniciou-se com uma melhoria de expectativas. Porém, houve uma piora recente das
perspectivas, verificada pela fraqueza da reação da atividade econômica e as
dificuldades em encaminhar as reformas estruturais. A reforma que tem mais
possibilidade de ser aprovada neste ano é a fixação do teto dos gastos, não
superiores à inflação, além do acordo de ontem dos Estados com a União, para
receber mais recursos relativos da repatriação, mas enquadrando-se na lei
federal do teto de gastos. A reforma da Previdência está prevista para ser
enviada ao Congresso em dezembro. As outras reformas ainda não têm prazos. Em
suma, os empresários querem que Temer vá mais rápido. Já que está impopular,
tome logo medidas impopulares de salvação ou da retomada.
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