30/04/2016 - DÉFICIT PÚBLICO TRIMESTRAL INÉDITO E INÉDITAS
Na fase de baixa do ciclo
econômico acontecem várias coisas inéditas, muitas aqui relatadas. Entretanto, déficit
públicos em anos consecutivos (já o terceiro, em curso), nunca foram
registrados pelas estatísticas oficiais. O pior momento anterior aconteceu no
biênio 1930/1931, quando o PIB recuou 2% e 3%, respectivamente, conforme
cálculo de Gustavo Franco. A última notícia inédita foi de um déficit
trimestral pela primeira vez, no período de janeiro a março deste ano, desde
que a série estatística se iniciou em 1997. Trata-se de R$18,2 bilhões,
divulgado pelo Tesouro Nacional, além de compor um rombo em 12 meses de R$137,5
bilhões, correspondentes a 2,3% do PIB. O resultado trimestral não foi pior
porque o Tesouro recebeu no período R$11,3 bilhões, pelas concessões das usinas
hidrelétricas do leilão de 2015. São três anos de deterioração das contas
nacionais, cujos déficits crescentes estão trazendo grande infelicidade a um
contingente cada vez mais crescente de brasileiros. Se forem considerados os
encargos de pagamentos da dívida pública, principal e juros que vem sendo
rolados, o déficit nominal seria maior do que 11% do PIB. Isto é, 2,3% do rombo
primário e mais de 8,7% de encargos da dívida, compondo o referido déficit
nominal. Ao nível internacional o País se encontra ao nível de países tidos
como insolventes, tal como a Turquia.
Na esteira de ineditismos, mais
inéditas em um só programa, o governo federal, ao completar três anos do
Programa Mais Médicos, quando os estrangeiros teriam de fazer provas para
revalidação dos diplomas, a presidente da República assinou medida provisória,
prorrogando por mais três anos, os contratos existentes e dispensando a
referida obrigação. As associações médicas mais uma vez protestaram, mas se foi
em frente, de forma compulsória. O Programa Mais Médicos conta com 18.240
médicos, sendo 11.429 cubanos; 5.274 brasileiros, que fizeram curso no exterior
e pedem credenciação no País; 1.537 intercambistas. Atendendo 4.058 municípios
interioranos, em cerca de 73% deles. O orçamento deste ano é de R$2,7 bilhões;
em 2015 foi de R$2,5 bilhões; em 2014, de R$2,1 bilhões. O valor em referência
estaria por volta de 3% do orçamento do Ministério da Saúde. O salário de cada médico
é de R$10 mil, sendo que ao cubano se paga por volta de R$2.000,00, sendo a
maior parte enviada à Organização Pan-americana de Saúde, localizada em Cuba.
Mais de 40% brasileiros desistem do programa antes do prazo; 15% de
intercambistas e 8% de cubanos. O programa tem três anos e deveria ser
avaliado, mediante teste de revalidação dos diplomas. Por medida provisória de
ontem, a presidente Dilma prorrogou por mais três anos e retirou a exigência de
revalidação do diploma. As associações médicas continuam protestando, crendo
que os cubanos são técnicos em medicina e não graduados e com residência.
Outra inédita, a taxa de
desemprego do País atingiu 10,9%, no primeiro trimestre deste ano, conforme o
IBGE. Trata-se da maior taxa já registrada pela PNAD-Contínua, em pesquisa de
desemprego, lançada pelo órgão no primeiro trimestre de 2012.
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