08/04/2016 - INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA TORNOU-SE HERANÇA MALDITA




A indústria automobilística já fez grande contribuição ao progresso brasileiro, conforme é comum em muitos países. Contudo, na atualidade tornou-se herança maldita dos governos de Lula para o de Dilma e dela para ela própria. Exatamente, reportando-se a 60 anos, o progresso do governo JK, de 1956 a 1960, foi alicerçado no Plano de Metas, dividido em cinco setores e 30 grandes objetivos. Depois de eleito é que JK confirmou que a meta síntese seria a construção de Brasília, elegendo dois carros chefes: a indústria automobilística e a construção civil. O País cresceu como nunca: 8,3% ao ano, em média, no período. Ambos complexos são os maiores geradores de emprego no Brasil, calculando-se que cada emprego direto em qualquer um dos segmentos citados pode gerar até dez empregos indiretos. Mas, a recíproca também é verdadeira. A era Lula (2003-2010) registrou 4% de crescimento médio do PIB. No final de 2008 começou a maior recessão mundial depois da Grande Depressão. O Brasil foi o último a entrar e o primeiro a sair, registrando só – 0,2% de queda do PIB em 2009 e crescendo 7,6% em 2010. O que fez Lula? Seguiu o tripé de FHC no primeiro mandato (2003-2006), sendo ortodoxo. No segundo mandato, sem deixar o tripé, estimulou o crédito consignado para o consumo, incentivou a participação maior do Estado nas estatais, em destaques a Petrobras e o sistema elétrico, além de defender-se da crise capitalista com fortes estímulos para a construção civil e financiamentos subsidiados para o Programa Minha Casa, Minha Vida, além de reduzir bastantes impostos para automóveis e ampliar seus financiamentos. Ademais, elegeu certas empresas campeãs nacionais, para receber benesses do BNDES. O mega sistema de subsídios foi ampliado pela presidente Dilma Rousseff (2011-2014), quando o modelo já estava esgotado. Depois, foi uma sucessão de erros, já muitos repetidos aqui nesta página, tais como elevada inflação, elevada SELIC, desemprego muito alto, déficit primário, como não acontecia a dezessete anos, prometendo cravar três anos (2014-2016), subsídios para selecionados grandes capitalistas, redução de tributos da linha branca de eletrodomésticos, de materiais de construção e de automóveis, dentre outros.

É justamente na indústria automobilística que está ocorrendo grande distorção e continuada: um superinvestimento. Cerca de 60% das linhas de veículos estão paradas. Para caminhões e ônibus mais de 81%. A produção baixou 40%, por volta de 1.500.000, desde o pico de 2013, de 3.750.000 automóveis. Na construção civil, o índice de vendas recuou no ano passado 17%, mas não há superinvestimento. A indústria parou de construir. Está havendo desova e já há previsão de faltar imóveis em três anos. Por seu turno, aconteceram no segmento de petróleo investimentos incompetentes ou criminosos de expansão, que estão se ajustando, mediante apurações em curso da operação Lava-Jato. De modo inverso ocorreu em energia elétrica e em etanol. Confirmando o enorme problema da indústria do automóvel, a ANFAVEA divulgou que o País teve a menor produção de carros em treze anos, no primeiro trimestre de 2016. O número representou queda de 27,8%, em relação aos primeiros três meses do ano passado. Assim, a indústria tornou-se mais uma e grande herança maldita.

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