10/04/2016 - REFORMA AGRÁRIA DESVIADA
Sempre foi uma característica a
reforma agrária brasileira desviada dos seus propósitos. Propósitos estes que
não custa citar, qual sejam os de fazer as propriedades da terra produtivas,
não obstante o Brasil sempre tenha sido de grandes propriedades rurais. Nasceu
de 12 doze capitanias hereditárias. Posteriormente, dividida em sesmarias.
Enormes extensões de terras. Estrutura rígida de relações de produção. Somente
em 1850 se criou a Lei de Terras. Porém, só poderia ser dono quem tivesse
título de propriedade, registrado em cartório. Quem tinha? Pouquíssimos
herdeiros de sesmarias. Quem podia provar a propriedade? Quase ninguém. Como o
Brasil nunca teve revolução social a tônica da propriedade rural se reflete nas
grandes plantações desde 1500, quando começou com o açúcar, gado, fumo, cacau,
sisal, borracha, arroz e algodão, através de ciclos econômicos muito bem
relatados por Celso Furtado, em seu clássico livro “Formação Econômica do
Brasil”, em cerca de 50 edições, desde 1956, um dos maiores sucessos de boa
literatura.
No século XX era notório o atraso
econômico brasileiro, visto que o País foi uma colônia de exploração, quando
até a indústria era proibida, desde 1703, conforme Tratado de Methuen, entre
Portugal e Inglaterra. Celso Furtado também mostra bem isso. Quando o Brasil
saiu do Império para a República, fez-se necessário corrigirem-se as relações
de produção, de escravidão para trabalho assalariado, impondo-se, assim, a
reforma agrária. Mas, esta, sim, nunca aconteceu de verdade. Isto é, de uma
forma completa, permanecendo o perfil de uma economia da grande produção, de
terras devolutas e de terras improdutivas.
Nos anos de 1960, o conflito
chegou ao extremo com a organização das Ligas Camponesas, que defendia a
reforma agrária armada. Sufocada pelos militares, cujo regime criou o Estatuto
da Terra e órgão estatal para realizar a reforma agrária, que hoje se traduz no
Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), em 1970. Assim, a reforma
agrária começou a ser realizada aos pouquinhos. Em seis décadas pouco se pode
pontificar dela. Desde 1980 que o Brasil vem se tornando grande produtor de
grãos, tendo com exemplos, sendo o maior exportador mundial de soja, segundo
maior produtor desse grão, cuja safra deste ano está estimada em 100 milhões de
toneladas de soja, além de grande produtor de milho, cuja grande produção
estimada desta safra é de 80 milhões de toneladas de sacas. A grande produção
do Oeste, fez até uma reforma agrária ao contrário, quando a grande produção de
grãos substituiu a pequena produção, visando elevar a enorme produtividade que
hoje ostenta. É o segmento quer mais cresce no País. Aliás, o que só cresce.
Afinal, no recuo de – 3,8% do PIB, não fora maior porque a agropecuária,
notadamente a do agronegócio, cresceu 1,8% do PIB. Poder-se-ia ainda falar-se
em carnes, minérios, dentre outros.
O fato é que a posse e a
propriedade da terra sempre foi motivo de conflitos, violências, tensões,
grilagens, assassinatos e de grandes injustiças sociais. Não cabe aqui em uma
lauda alongar-se sobre a necessária reforma agrária ainda hoje em terras
improdutivas e devolutas. Porém, a maior distorção até agora revelada da
reforma agrária, deu-se na semana passada, quando o Tribunal de Contas da União
identificou 578 mil beneficiários irregulares de terras, sendo detentores delas
empresários, políticos, colonos temporários (que negociam recibos) e muito
menos verdadeiros agricultores. Reforma agrária no Brasil continua sendo
utopia. Agora, no caso de roubo, a justiça deve ser para eles e as correções
têm de ser realizadas.
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