24/04/2016 - GARROTE VIL DA POLÍTICA ECONÔMICA A SER VENCIDO
Combinar a política monetária com
a cambial e com a fiscal é a tradução do bom desempenho econômico. Quando o
referido tripé tem uma política que fracassa, a tendência é que haja um garrote
vil que sacrifique, por extensão, as outras duas formas de política econômica
vinculadas. A última lembrança de acabar com o garrote vil no Brasil aconteceu
no governo de Itamar Franco, de cerca de 18 meses, tendo convidado quatro
ministros da Fazenda, sendo o último deles FHC. A inflação atingia a sua maior
marca, por volta de 2.500% em 1993. FHC declarou que era um sociólogo da USP e
não entendia nada de finanças públicas (política fiscal), Banco Central
(política cambial) e do ministério da Fazenda (política monetária), mas que
montaria uma equipe de economistas notáveis, chamando para ela André Lara
Resende, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Pérsio Arida (ordem
alfabética), para criar o Plano Real, que, finalmente, promoveu o equilíbrio
fiscal e o controle inflacionário. A nova moeda, o real, surgiu depois de uma
transição de 3 meses da Unidade Real de Valor (URV), de 28 de fevereiro a
30-06-1994, uma unidade de conta, que dolarizou a economia, solucionando
momentaneamente a política cambial, a qual foi âncora em todo o primeiro
mandato de FHC (1995-2002). Anteriormente, a partir de janeiro de 1994, o Fundo
Social de Emergência, resolvia o equilíbrio fiscal. Posteriormente à URV, foi
lançada a moeda real, em 01-07-1994. Deu certo. Mas, devido aos ataques
especulativos à moeda real, em quatro anos, novo garrote vil ocorreu, quando se
esgotaram praticamente as reservas internacionais e FHC recorreu ao FMI. Assim,
no segundo mandato, em 1999, FHC estabeleceu corretamente o tripé de (1) metas
da inflação; (2) superávit fiscal; (3) câmbio flutuante. Ao assumir, em 2003,
Lula manteve o tripé de FHC, mediante economia estabilizada, sabendo no seu
gosto futebolístico, de que não se muda time que está ganhando. Fez carta aos
brasileiros, prometendo respeitar contratos e chamou Henrique Meirelles, eleito
pelo PSDB (pela oposição), para o Banco Central e manteve uma equipe econômica
coerente. Cresceu o PIB a 4%, em média anual. Dilma, inicialmente, de 2011 a
2013, manteve o tripé citado, embora ao elevar demais os subsídios na economia
doméstica, para a indústria automobilística, da construção civil, para a linha
branca de eletrodomésticos e elegendo empresas campeãs nacionais, para receber
crédito amplamente subsidiado do BNDES, sem contar com o financiamento de
muitas obras no exterior, pelo referido Banco, até hoje, em segredo, além de
erros seriais conhecidos, a presidente Dilma estourou o caixa do governo, mas o
escondeu na contabilidade nacional. Porém, para também ganhar as eleições de
2014, os gastos públicos dispararam e a presidente Dilma, então, assumiu
naquele ano, em grande déficit primário, de R$35 bilhões, depois de 18 anos. O
TCU não aprovou as contas da presidente de 2014. Quebrou o tripé. Aconteceu de
novo o garrote vil. Quebrou o regime de metas de inflação em 2015, quando ela
atingiu 10,7%. Quebrou o câmbio, quando desvalorizou a moeda em mais de 50%, em
2015. O garrote vil se generalizou. Instalou-se uma profunda recessão. Um beco
sem saída até agora. De desastre em desastre está Dilma a um passo de ser
afastada. Uma forma de tentar sair do citado garrote é uma política econômica
chefiada por Henrique Meirelles, apoiado pela situação (de Lula) e pela agora oposição
de Temer. Não seria o “salvador da pátria”, mas o austero que se requer na
economia brasileira. Ainda ontem, reuniu-se com Temer, em Brasília. Declarou às
TVs que iria recuperar receitas e reduzir gastos (política fiscal). Deixou transparecer
que só aceita se escolher a equipe econômica. Em artigo dominical, de hoje, na
FSP, intitulado: “Força Externa”, afirmou que “O mercado internacional cumprirá
papel fundamental na retomada da economia brasileira”, isso a propósito de
retornos de investimentos, conforme contatos internacionais de suas últimas
viagens (bom lembrar que ele foi presidente internacional do Banco de Boston).
Em síntese, a sua plataforma, no artigo: “O melhor propulsor dessa retomada
será a reversão do ceticismo, com uma sinalização clara e factível de que o
País equacionará de forma decisiva o seu desequilíbrio fiscal e voltará a ter
regras estáveis e previsíveis aos investimentos, melhorando o ambiente dos
negócios” (explícita, de novo, política fiscal; implícitas política monetária
combinada com cambial).
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