14/04/2016 - ESQUELETOS DE DÍVIDAS QUEREM SAIR DO ARMÁRIO
Nesta década o ciclo de descida
do PIB chegou a meados da década com bastante força. Na década passada ciclo de
subida ocorreu com vigor. Os ciclos econômicos se alternam na história, não
necessariamente seguindo com rigor a trajetória dos anos. Justamente, neste
triênio, de 2014-2016, em que são reconhecidos grandes déficits públicos
consecutivos, esqueletos de dívidas do passado querem sair do armário, até
porque a forte recessão coloca os agentes econômicos em dificuldades, exigindo
redefinições de posições de liquidez. Por exemplo, o esqueleto das “pedaladas”
fiscais de cinco anos, de R$56 bilhões, saiu do armário e foi pago em 2015 de
uma só vez. Claro, aí foi uma cartada posterior, que parece não estar dando
certo, para evitar o impeachment. Ademais, decisões da Corte Suprema são
obedecidas.
A volúpia do endividamento vem
desde a Independência, quando, em 1824, Dom Pedro I, reconheceu que a dívida
portuguesa seria a dívida brasileira, exigência inglesa para o reconhecimento,
além da dívida da independência nacional com as guerras patrocinadas pela
Inglaterra se somaram ao montante. Depois, a dívida pública de externa se
acresceu da dívida interna. Um monstro foi se formando, através de sucessivas
rolagens no tempo. A atual formação democrática de 26 Estados, o Distrito
Federal e a União se compuseram de três entes endividados, em longo prazo.
Chegou-se nos anos de 1990 com os três níveis de governo insolventes. Naquela
oportunidade, na primeira fase do Plano Real, criou-se o Fundo Social de
Emergência, que alongou a dívida dos Estados por 20 anos, promovendo-se um
desconto, mas a financiando com juros reais e com correção monetária. Após o
longo prazo dilatado, nos últimos anos os Estados recorreram à justiça contra a
União, defendendo uma “tese primitiva” que pode arruinar as contas da União. Se
o STF, em plenário confirmar as liminares de 14 Estados, prolongando-se para
todos os referidos entes, o governo federal terá de reconhecer despesas
financeiras por volta de R$300 bilhões, havendo ressarcimento aos Estados e de
parcelas que a União deixaria de receber.
A “tese primitiva”, admitida por
liminares no STF, proíbe a cobrança de juros compostos e a aplicação de juros
simples. Logo, haverá dívidas de unidades federativas de até mais de 90%.
No momento em que lançou o seu
relatório trimestral, intitulado Panorama Econômico Mundial, o FMI divulgou
cálculos da dívida pública sobre o PIB do Brasil. Em 2015 atingiu 73,7%; em
2016 atingirá 76,3%; em 2017 chegará a 80,3%; em 2018 alcançará a 91,7%.
Reconhecer que tais percentuais inviabilizam as contas públicas, o FMI afirma
que a saída será cortar gastos. Nesse momento, em que se resolve a questão
política, poder-se-ia também resolver-se a questão econômica para economia
voltar a crescer, segundo o FMI. Sendo assim, o País poderia voltar à
normalidade que se espera.
Ademais, semana entra, semana
sai, fala-se que outro maior esqueleto poderia sair também do armário. As
perdas das cadernetas de poupança durante os planos econômicos. Bresser, de
1987. Verão, de 1989. Collor, de 1990. Collor II, de 1991. A estimativa dele é estimada em mais de R$400
bilhões.
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