07/04/2016 - POR QUE AS PEDALADAS SÃO CRIMES DE RESPONSABILIDADE
O parecer final lido ontem, do
relator Jovair Arantes (PTB-GO) na Comissão da Câmara de Deputados considera as
pedaladas fiscais cometidas pela presidente Dilma como crimes de
responsabilidade. Isto é, de que a presidente infringiu a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), tal qual constou da reprovação das contas
presidenciais do ano de 2014, além dos decretos de 2015, de abertura de
créditos suplementares, sem a aprovação do Congresso. O que são as pedaladas
referidas? Por que antes de 2014 não eram significantes? O processo de
impeachment segue. Os antecedentes das pedaladas, desde a estabilidade advinda
com o Plano Real são de, ao final do governo Tucano (1995-2012), o Executivo ter
se socorrido de R$948 milhões dos bancos oficiais. Ao final do ano passado, nos
governos do PT até agora (2003-2015), a conta se aproximava de R$60 bilhões, saldo
de 2015, pagos, em dezembro, em reconhecimento de que o TCU tem razão. A
presidente Dilma argumentou que as diferenças de valores estão relacionadas à
expansão da economia brasileira. Porém, em seu governo, o crescimento do PIB de
cinco anos não obteve a média de 1% (0,94%), o que irá piorar porque é esperada
pelo próprio governo, de recessão de - 3,5% em 2016 (a tendência é para média de
zero). Entre 2001 e 2008, o impacto das
pedaladas na dívida pública oscilou de 0,03% e 0,11% do PIB. A partir de 2009,
o crescimento foi contínuo até ao pico atual de 1% do PIB. Ora, o cálculo não é
simplesmente aritmético unitário, de 0,89 (0,11-1,00), mas de 809,09%.
O fato é que o Tesouro repassa
regularmente recursos aos bancos oficiais para a execução de programas de
governo. Eventualmente, os pagamentos são insuficientes. Nesses casos os bancos
oficiais pagam com recursos próprios. O dinheiro depois é ressarcido pelo
Tesouro. Mas, ao reprovar as contas presidenciais de 2014, o TCU considerou ter
havido a prática de empréstimos, o que são proibidos pela LRF, para evitar
fraudes, as quais maquiam a escalada insustentável de gastos do Tesouro. Só
depois da condenação das contas de 2014 é que o governo federal resolveu
quitá-las em dezembro de 2015, para escapar de um eventual processo de
impeachment. No entanto, continuou “pedalando” em 2015, mediante decretos sem
autorização do Congresso, conforme LRF. Assim, somente depois da condenação do
TCU é que o governo reconheceu déficit de R$32 bilhões em 2014, depois de 17
anos de superávit primário. Repetiu déficit primário de R$115 bilhões em 2015.
Nestes 2016, embora tenha prometido também superávit fiscal, consoante tem
prometido todo ano, já admitiu déficit primário, agora em março, de R$67
bilhões. Dessa forma, desde o Plano Real, de 1994, o atual governo (2014-2016) vem
realizando expressivos déficits primários e fazendo pedaladas fiscais, que são
aberturas de créditos suplementares sem aprovação do Congresso, engenhoso
sistema de fazer desaparecer o grande déficit fiscal. Ademais, as pedaladas não
foram incluídas na dívida líquida do governo, em 2014, o que “esconde” o maior
problema real. O referido relator disse que o Congresso não permitirá a
usurpação dos direitos ao não obedecer a LRF.
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