25/04/2016 - BOMBA RELÓGIO PARA TEMER
Até o PT, informalmente, já
admite que a presidente pudesse ser afastada em maio e que assumiria Michel
Temer a presidência. Ele tem de desmontar uma bomba relógio em pouco tempo, anunciando
a (1) redução da dívida pública, mediante abatimento com parte das reservas
internacionais, (2) redução ministerial, (3) cálculos do superávit primário
deste ano, ainda que pequeno e (4) aprovação de reformas que possam levar à
retomada do crescimento.
O principal executivo do grupo
Folha, Octávio Frias Filho, em artigo de ontem, dá “como favas contadas” a sua
assunção, abrindo o texto: “O governo Michel Temer irá se defrontar com a
colossal tarefa de tirar o País da maior recessão da história, o fator decisivo
dos que contribuíram para a queda de Dilma Rousseff. Não bastará algum clarão
no horizonte, será preciso que sinais de êxito apareçam logo, antes que a
legitimidade apenas formal do novo presidente seja consumida na voragem dessa
crise insaciável. O sucessor contará com dois trunfos. O primeiro é um maciço
respaldo em três estamentos cruciais: o empresarial, o parlamentar e o
judiciário. Parece que do ‘presidencialismo de coalizão’ vamos transitar a um
parlamentarismo de fato, em que o presidente acumulará o cargo como primeiro
ministro (pelo menos enquanto não for deposto)”. Fica claro, para ele, o
editorial de semanas passadas do jornal FSP, intitulado “Nem Dilma, nem Temer”,
apoiando eleições em outubro vindouro. Prossegue: “A extrema gravidade da
situação e o desalento que cerca a sua canhestra subida ao poder pode ajudá-lo,
conforme criam expectativas modestas, estamos perto do fundo do poço e não há
mal que sempre dure. Seria esse o segundo trunfo (o primeiro é o maciço
respaldo, lembre-se): saindo do patamar deprimido como o atual, não parece
implausível obter crescimento expressivo a partir do início de 2018”.
Assim, a bomba relógio tem que
ser desmontada, vencendo desafios. A dívida pública cresce R$2 bilhões por dia,
processo a ser reduzido em muito ou estancado. Já atingiu mais de R$4 trilhões
em 29 de fevereiro. Em 2017 poderá alcançar 80% do PIB. A arrecadação está
estimada em R$1,1 trilhão. A despesa anual em R$1,2 trilhão. As investigações
da operação Lava-Jato já chegam ao PMDB e ao próprio Temer. A incerteza está
tornando difícil atrair pessoas de peso para compor o ministério. Daí, as
supostas exigências de Henrique Meirelles em dar as cartas na equipe econômica.
O PIB esperado de 2016 está próximo de – 4%. As aprovações de reformas e da
CPMF estão difíceis em um Congresso difícil de obter maioria. A Olimpíada será
em agosto como centro das atenções e de críticas, fazê-la positiva é seu
desafio. Mas, ele terá de fazer ainda todo o possível para fechar o ano com
superávit primário e gerar credibilidade, para um País que se relançará para
alcançar o seu lugar perdido no grupo dos emergentes BRICs.
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