05/04/2016 - MERCADO DE CRÉDITO BASTANTE ESTATIZADO
No ano passado, o colegiado de
órgãos federais, compostos pela União, Estados, municípios e empresas estatais
absorveram 72% do crédito no País. Do total do dinheiro emprestado em 2015, de
R$829 bilhões, o governo tomou R$597 bilhões. A análise é do economista Carlos Antônio
Rocca, do IBMEC, de São Paulo, que possui dados para 10 anos. Em 2015, o
governo já participava com a metade do endividamento do mercado financeiro brasileiro,
do total das dívidas de R$7,6 trilhões. O endividamento governamental cresceu
cerca de 20% no ano passado. A razão dessa voracidade se deve a um déficit
orçamentário de cerca de 10%, o que obriga o setor público a recorrer ao
sistema bancário. O setor público é tomador das taxas maiores de juros e desidrata
a demanda do setor privado. Quando o governo tem déficit ele poderia financiar-se
de três maneiras. A primeira é emitindo moeda, o que inunda o mercado
financeiro de dinheiro e provoca inflação monetária. Por exemplo, as emissões
foram feitas por JK, para construir Brasília, em tempo recorde de 4 anos, de
1956 a 1960, cujos resultados turbinaram a inflação, desorganizando o sistema
econômico, sendo a principal explicação do golpe militar de 1964, muito embora
a verdade era o sistema político, que tendia a implantar no País uma república
sindicalista. Aprendida a lição, a partir de 1964, com a criação do Banco
Central, o governo federal passou a controlar a base monetária, para que fossem
reduzidas as influências inflacionárias, por excesso de dinheiro. Nenhum
governante em seguida emitiu dinheiro para cobrir seus gastos. A segunda seria
criar mais impostos. A carga tributária está em 36% do PIB e este governo não
consegue mais aprovar impostos. A terceira é o endividamento, que está muito
caro e piora os resultados da contabilidade nacional. Agrava-se o quadro com a
continuidade da severa recessão.
A escalada da dívida pública continuará
até 2018, quando a relação com o PIB será de 80%. Para manter estável o
indicador atual de 66%, o governo deveria economizar 7% do PIB ou cerca de
R$435 bilhões. Referido percentual poderá diminuir lentamente, conforme o Banco
Central, que, calculou que a taxa SELIC do final de ano cairá de 14,25 para
13,75% ao ano, após consultar 120 instituições financeiras, consoante faz
semanalmente e divulga no boletim FOCUS.
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