28/05/2015 - CARTA NA MANGA DA CAMISA




Fala-se que o jogador que surpreende, blefa ou tem carta na manga da camisa. Quem blefa faz jogo do tudo ou nada. Muito perigoso. Às vezes, fatal. Ao fazer uma guinada à direita, no segundo mandato, a presidente Dilma colocou na direção da equipe econômica Joaquim Levy, economista ortodoxo, neoliberal, que prega a redução do tamanho do Estado (estas três coisas compõem um todo), nem sempre conseguindo as três partes. Por isso, que somente anunciou o ajuste fiscal de 1,2% do PIB de superávit primário para este ano, de R$66 bilhões, assim como de 2% em 2016, que seria de R$110 bilhões, se o crescimento fosse zero em 2015, mas como está praticamente garantida a recessão, o superávit primário estimado está próximo de R$100 bilhões. Como não está blefando, Levy declarou: “O Brasil precisa passar por uma reengenharia para ser competitivo”. Logo, reengenharia é retração, para depois crescer, entende-se que haverá mudanças mais profundas do que o ajuste fiscal anunciado. A reengenharia é a técnica administrativa de reduzir a máquina diretiva. Quem a fez de forma mais forte foi Fernando Collor, em 1990, reduzindo de 31 ministérios do governo de José Sarney, para 15, causando desemprego superior a 500 mil. A propósito, o Brasil de Deodoro da Fonseca tinha apenas 8 ministérios. Getúlio Vargas ampliou para 10. Juscelino Kubitscheck para 11. João Figueiredo para 16. Tancredo Neves ampliou para 23. Sarney quase que dobrou, levando a 31. Collor reduziu à metade, cerca de 15 deles, mas voltou a ampliá-los nos seus 30 meses de governo. Fernando Henrique Cardoso dirigiu com 34. Lula aumentou para 38. Dilma para 39. Mas, já recuou para 38. Na Câmara de Deputados, o atual presidente Eduardo Cunha, apresentou projeto para reduzi-los para 20.

A propósito, os Estados Unidos, que é muito maior do que o Brasil, em PIB, população e território, possui 15 ministros. O Reino Unido, também bem maior, tem 18. Portanto, tendo como base as ideias ortodoxas da Universidade de Chicago, onde Levy fez doutorado em Economia, provavelmente irá em direção à redução substancial do número de ministérios. No mês passado houve desemprego líquido de 100 mil pessoas. Não é difícil acreditar que poderá chegar neste exercício a redução de um milhão de postos de trabalho, devido ao fato de que o ano já é claramente recessivo e a vem aprofundando. A questão, a saber, é se a recessão se prolongará em 2016. A maioria dos projetistas acredita que não. No próximo ano é estimado crescimento por volta de 1% do PIB, conforme reitera o FMI.

A lógica do ajuste é a palavrinha mágica: poupança. A União precisa poupar para investir e pagar a dívida pública. Somente com poupança se retornará à estabilidade. Todos, indivíduo, família, empresa, nação, precisam poupar, para investir, para depois crescer.

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