12/05/2015 - ECONOMIA DESAQUECIDA
No segundo mandato da presidente
Dilma parece que ela não quer ser mais a protagonista principal. Delegou ao
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a execução do necessário ajuste fiscal,
devido ao desajuste que ela efetivou no seu primeiro mandato nas contas
públicas. Na área política, delegou ao vice-presidente da República, Michel
Temer, as costuras políticas e este está fazendo as mudanças no segundo
escalão, tal como foi a escolha do presidente do Banco do Nordeste, este ligado
ao PMDB. Este segundo período está tão devagar quase parando, basta ver que a
presidente demorou 9 meses para indicar o candidato à vaga do Supremo Tribunal
Federal, que hoje será sabatinado no Senado.
O aperto fiscal paralisa
parcialmente o governo federal e os gastos públicos caem bastante. A demora na
aprovação do orçamento federal e o contingenciamento de recursos para os
ministérios têm adiado obras, atrasando repasses e programas sociais e reduzindo
o crédito em geral. Até a semana passada, nove órgãos federais não tinham
movimentado nenhum centavo na conta de investimentos, segundo o ministério do
Planejamento. Os pagamentos efetuados até abril referem aos orçamentos de anos
anteriores. A ONG Contas Abertas mostrou, por exemplo, que no ministério dos
Transportes, os gastos caíram 37% até abril. Já no ministério da Educação
recuaram quase 30%. Pelo visto, o orçamento federal aprovado em abril não tem
ainda programação definitiva, algo esperado para final deste mês. As cotas
fixadas no início do ano para os ministérios gastarem também não têm seus
limites utilizados. É grande a inoperância. No ministério da Integração foram
disponibilizados R$1,3 bilhão, mas somente foram empenhados R$579,8 milhões,
sendo incluídos aí R$183 milhões de inversões deste ano. Em situação pior
estavam o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o ministério
do Desenvolvimento Agrário, que nada empenharam de inversões até agora.
Do lado das receitas, o Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) calculou que o ajuste fiscal
deverá elevar a carga tributária em 0,8% sobre o PIB. Quer dizer, os
brasileiros pagarão R$47,5 bilhões a mais de tributos. Oriundos da União serão
elevações de alíquotas de R$39,8 bilhões. Outros R$7,7 bilhões virão dos Estados
e municípios, de IPTU e IPVA. Segundo o IBPT, a referida carga se elevará, por
baixo, até o final do governo em R$100 bilhões. Confirmados os estudos do IBPT,
a carga tributária se elevaria para 36,22% do PIB, em 2015.
Enfim, corte de gastos, elevação
tributos e economia em recessão. Segundo a ortodoxia de Levy, somente assim,
mais a elevação da taxa básica de juros aos níveis de campeã do mundo, a
inflação cairá e a economia voltará a crescer de 2016 em diante.
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