02/03/2013 - DECEPÇÃO DO PIB
O IBGE divulgou ontem o PIB de
2012, a decepção foi maior do que se esperava. Esperava-se que o número fosse
próximo do que veiculou o Banco Central, na semana passada, incremento de 1,6%.
Na verdade, o divulgado é de 0,9%. A pensar que no início de 2012, o governo
chegou a projetar 5%. Em 12 meses, as
discrepâncias são muito grandes. Ainda ontem o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, declarou que as condições externas recessivas é que não permitiram ao
País sair da estagnação em que se encontra. Porém, para este ano, ele está
projetando crescimento do PIB entre 3% a 4%. A oposição política lembra-lhe que
o atual mandato da presidente Dilma começou mal e piorou em 2012. O principal
argumento deles é de que, países da América Latina, exportadores de matérias
primas como o Brasil, tais como Peru, Chile, México e Colômbia viveram bons
momentos no ano passado. O Peru cresceu 6,5%; o Chile, 5,6%; o México, 3,9%;
Colômbia, 3,4%. O Brasil sentiu a crise em 2009, quando a recessão foi de –
0,3%, mas recuperou em 2010, crescendo em 2010, número expressivo de 7,5%.
Porém, o crescimento não foi virtuoso, aconteceu no vácuo deixado em 2009,
visto que o PIB, em 2011, recuou bastante, para 2,7% e, em 2012, para 0,9%.
Os fatos objetivos são
decorrentes da economia doméstica, onde não foram realizadas as reformas
prometidas, à semelhança do que ocorreu nos países acima citados, gerando queda
da confiança dos investidores e dos empreendedores nas regras do jogo e na própria
manutenção da estabilidade. A inflação continua se insinuando acima de 6%,
sendo difícil acreditar que vai descer. Pelo contrário, o receio é de que possa
subir mais. Outra descrença é nas previsões de um PIBÃO, quando se tem obtido
dois PIBINHOS consecutivos. Os incentivos fiscais concedidos desde 2011
contemplaram segmentos escolhidos e foram temporários, sendo retirados agora em
2013. O BNDES tem injetado muito dinheiro subsidiado (abaixo da taxa SELIC),
dirigidos principalmente para a formação de cartéis, que, obviamente, vão
contra competitividade. Por fim, as indefinições nas parcerias públicas e privadas
e no grande atraso nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento.
Dessa forma, em dois anos as
incertezas se elevaram muito rapidamente e os capitalistas se retraíram com
receios de que as regras que valem para os seus concorrentes não valem também
para eles. As grandes empresas negociadas em bolsa de valores demonstraram ter
caixa robusto, mas preferiram não se aventurarem, vez que temem os riscos para
a obtenção de lucros, até porque o governo federal vem ditando margens de
retorno para as poucas concessões que tem realizado. Nesse cenário tão incerto,
os capitalistas estão muito desconfiados, aguardando verdadeiras mudanças em
favor dos investimentos produtivos.
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