17/07/2012 - CASSAÇÃO PARLAMENTAR
Em 188 anos de existência do
Senado, na semana passada foi quebrado pela segunda vez, o corporativismo, cassando
o senador Demóstenes Torres, ficando inelegível até 2027. O afastamento dele
não ocorreu por simplesmente moralização da casa parlamentar, mas pela
contradição entre o que apresentava ser, um paladino da moralidade e dos bons
costumes, o qual criou vários atritos com seus pares, mediante a sua evidente
ligação com a contravenção de jogos e lavagem de dinheiro. Referido senador foi
eleito por uma fortuna de doações, a maior parte delas do seu suplente, Wilder
Morais, ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher do contraventor Carlos
Cachoeira, o primeiro, suplente, o qual omitiu grande parte da chegou enrolado,
tomou posse em poucos dias depois da cassação citada e terá de fazer várias
explicações. O primeiro cassado há uma década foi Luiz Estevão, envolvido em
várias irregularidades. Na verdade, existem naquela casa as maiores mordomias
da República, o compadrio, acordos de cavalheiros, onde a impunidade
transparece.
A corrente que investiga o
esquema de Carlos Cachoeira, através da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) não somente puniu o referido senador. Pelo contrário, no estágio em que
se encontra fica impossível uma volta à estaca zero. As gravações realizadas e
as investigações da Polícia Federal levarão a maiores desdobramentos, visto que
existem provas materiais contra governadores e outros políticos.
A rigidez da estrutura de poder
torna evidente que o Brasil precisa de uma reforma política, definições
importantes se haverá ou não o voto distrital, sobre financiamento público de
campanhas, sobre realizações de plebiscitos, sobre partidos políticos.
A cassação de um parlamentar
hipócrita é um avanço. Mas, dentre 81 membros “só se a casa for muito
corporativa, não teremos um desenlace semelhante ao do senador Demostenes para
alguns parlamentares daqui”, afirmou na semana passada o deputado Ivan Valente,
do PSOL, chamando para a Câmara também a apuração de denúncias correntes.
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