12/12/2011 - GUERRAS CAMBIAIS
A manipulação da moeda tem sido expediente adotado para resolver crises econômicas, por parte de países que tem importante presença na economia internacional. O sentido dela é de provocar forte desvalorização cambial. Três grandes e duradouras deixaram o mundo com resultados desastrosos. A primeira guerra cambial nasceu na Alemanha, durando de 1921 a 1936, quando uma onda de desvalorizações no marco e em outras moedas deixou a Europa em crise. Como resultado uma inflação espantosa, influenciando a conflito da segunda guerra mundial. Ainda antes de terminar a segunda guerra foram convidados pelos Estados Unidos os países que seriam vencedores daquele conflito, para uma reunião na cidade de Bretton Woods, visando a criação do Sistema Financeiro Internacional. Surgiram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC). O FMI teve relevante papel a partir daquela data, principalmente quando enfrentou a segunda guerra cambial, de 1967 a 1987. Esta surgiu com a perda do valor da libra, em 1967, dando início a uma série de desvalorizações monetárias e de elevações inflacionárias pelo globo. O seu fim encetou a criação também de uma nova área de moeda única, surgindo pouco depois o euro. O Reino Unido não aderiu a ele, enquanto naquele período o dólar se enfraquecia, chegando ao ponto de, em 1971, Richard Nixon declarar o dólar inconversível em ouro, figura de retórica vendida quando da criação do FMI. A terceira guerra cambial começou em 2010 e não tem data para acabar. Para aquecer a economia americana, os Estados Unidos emitiram 2,3 trilhões de dólares, em três anos, por meio de impressão monetária. Lógico, isto tem levado a uma forte desvalorização do dólar e a persistência da maior crise mundial desde a segunda guerra.
Nas últimas três décadas a China passou a ser a segunda economia mundial, adotando o mesmo esquema de desvalorização monetária acima referida. Na verdade, os chineses fazem a maior taxa de poupança global, cerca de 45% do PIB. Com isso, levam as taxas de juros para baixo, além de fixar a paridade do iuane muito desvalorizado em relação ao dólar.
O Brasil, ao estabilizar sua economia, que foi o seu maior progresso econômico em todos os tempos, teve que manter um esquema de juros altos, para atrair capitais externos, objetivando rolar a dívida pública. Portanto, a sua moeda se tornou neste século a mais valorizada do mundo. Isto provocou uma invasão de capitais estrangeiros no seu território, de indústrias e comerciantes, que estão substituindo indústrias nacionais, ao tempo em que o País voltou a ser forte País primário-exportador. As armas brasileiras não tem sido eficazes para conter a valorização do real, tais como controle de capitais, intervenção no câmbio, protecionismo ou diplomacia, através da OMC. Nesse embrulho em que se encontra não consegue alcançar o virtuoso caminho do crescimento sustentado, que parecia ter encontrado nos últimos seis anos. Internamente, o economista Alexandre Schwartsman sugere ao governo que faça como a China, elevando a taxa de poupança, para baratear os juros. Externamente, James Rickards, autor do livro Currency Wars, lançado nos Estados Unidos, recomenda que o Brasil deva elevar a produtividade para enfrentar a terceira crise cambial.
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