29/03/2019 - GUERRA E PACIFICAÇÃO
Segue pelo final do terceiro mês a atuação do presidente da República,
Jair Bolsonaro, com seu estilo de que não negociará com o Congresso, as
reformas econômicas estruturais de que tanto o País precisa. Para ele, haverá a
articulação política entre Executivo e Legislativo. Em outras palavras, diz que
não fará a política tradicional, “do toma lá dá cá”. Propõe colocar em cargos
do segundo escalão pessoas técnicas e com conhecimento da área onde atuarão. Em
princípio, isso parece bonito. Porém, olhando a cara do Congresso, mesmo
perante a grande renovação que houve, sua prática, não parece que será feita de
altruísmos. Veja-se só um exemplo, agora mesmo, quando da aprovação na Câmara
de Deputados, da PEC do orçamento impositivo, que estava desde 2015, sem entrar
na pauta e que entrou nesta semana, em um só dia, sendo votada e aprovada em
dois turnos, seguindo para o Senado. Lá chegando, os senadores já pretendem
elevar de 0,6% do orçamento para 1% as emendas parlamentares. Se fizer isto,
voltará para a Câmara de Deputados. O Legislativo sempre quer mais poder. Não
deixará o Executivo jogar solto. Jair Bolsonaro não fará a loucura de
renunciar, como fez Jânio Quadros. Se o fizer, não voltará nos braços do povo,
para fechar o Congresso, conforme queria Jânio, que caiu no ostracismo. É muito
difícil dizer o que ocorrerá. Apostam-se de que Bolsonaro não mudará. E se mudar?
Ontem, depois da guerra do dia anterior, entre o presidente
do Executivo e o presidente do Legislativo, veio a pacificação. A bolsa de
valores cresceu 2,7%, recuperando grande parte das perdas do dia anterior, mas
não retornou aos mais de 3% exercidos. O dólar comercial abriu o dia em R$4,00,
fechando em R$3,90. Tais oscilações só fazem as previsões otimistas recuarem e
reduzirem, mesmo as mais otimistas, as estimativas do PIB, para estar em torno
de 2%, ou para menos.
Na verdade, houve uma trégua. Hoje, o mercado põe sérias
indagações se a gestão de Bolsonaro irá fazer o País retornar ao crescimento
acima de 3%. A referência mais próxima é a do governo de Lula (2003-2010),
quando a economia cresceu por volta de 4% ao ano. Se bem que com um cenário externo
bastante favorável, o que agora não ocorre. Lula soube compor com o Congresso.
Dilma não e foi o desastre que colocou a economia no atual estágio. Bolsonaro
quer fazer as coisas da sua cabeça e ele mesmo era porta voz do governo. Quando
viu que não dava certo, um mês depois de governo, colocou um general para
sê-lo. Hoje existem cerca de 100 generais no primeiro escalão governamental.
Portanto, espera-se que Bolsonaro mude e deixe a economia ir a trilhos
favoráveis, conforme Lula fez que não se meteu em quase todas as coisas da
economia. Lula deixava os assessores fazer os discursos e não saia deles, em
essência, a não ser para dar ares de populista, contagiando os mais pobres. O
seu grande erro foi fazer a corrupção sistêmica, beneficiar-se dela, por isso
mesmo está preso há cerca de um ano.
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