24/03/2019 - ALGO INSÓLITO NA BOLSA




Algo insólito na bolsa de valores é a mesma coisa de que o suspiro da panela de pressão, algo que se tornou também insólito na economia brasileira. Nesta semana a bolsa de valores atingiu seu máximo, há muito tempo esperado, qual seja o de atingir 100 mil pontos, na segunda feira (18). Na sexta feira (23) estava por volta de 93 mil pontos. Somente naquela sexta caiu mais de 3%. Em cinco dias de pregão recuou por volta de 7%. Compare-se o rápido momento com a grave crise da economia brasileira desta década, de 2014 a 2016, em longo momento, começando no segundo trimestre de 2014, tendo durado 11 trimestres ou 33 meses, fazendo a economia brasileira regredir mais de 7%. Existe aí uma situação de pobreza semelhante, em momentos distintos, de curtíssimo prazo e de longuíssimo prazo, por volta de 7%. Entretanto, a diferença entre os períodos de tempo é abismal. Por que a bolsa de valores se reflete assim? A resposta é simples: a bolsa de valores é nervosa. Reage rápido. Os indicativos de que a reforma da Previdência Social poderá não ser aprovada pelo Congresso Nacional deixa as forças produtivas deprimidas. E por que se deprimem? Ora, os gastos públicos com a Previdência vêm crescendo exponencialmente e hoje representam 60% do orçamento. Praticamente nada sobrará para infraestrutura e os empresários prescindem dela. Por que acontece isso? Porque o modelo previdenciário brasileiro é de repartição e não de capitalização. No primeiro, as pessoas se aposentam por idade ou por tempo de serviço, independentemente se fizeram funding ou não. Há até aqueles que poucos contribuíram e se aposentam com o salário mínimo depois dos 65 anos. Existem inúmeros dependentes físicos aposentados. Há a incompleta Previdência Rural, em termos de funding. Enfim, o modelo previdenciário brasileiro transfere o ônus ao governo central. Se fosse o modelo previdenciário de capitalização, cada aposentado receberia o que fundou. Ou seja, o que capitalizou. Uma caderneta de poupança compulsória e determinada.

No conjunto de incertezas, sabe-se que o governo federal não poderá ter boa gestão se não fizer a reforma previdenciária. A favor dela está a maioria das forças produtivas. Contra ela estão aqueles que se julgam prejudicados ou que terão de cumprir mais tempo para se aposentar. Na fervura do processo chegou a reforma previdenciária dos militares, que, alonga de 30 para 35 anos de contribuição para a aposentadoria deles. Porém, no projeto de lei dos militares vem embutido aumento salarial compensatório de 34%. Quer dizer, maior pressão de caixa do governo central. Por ironia, como pretende a União sair do déficit primário? Somente com as privatizações? Duvidoso e estas requerem longuíssimo tempo. O cenário atual é de grandes dificuldades, mediante também 12 milhões de pessoas em desemprego aberto e 60 milhões de cidadãos em trabalho informal, precário ou subutilizado. Ou seja, contando quase tudo, o próprio MEC reconhece que 60% dos brasileiros não sabem ler, nem escrever direito. Isto é, aproximam-se de 125 milhões.

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