08/03/2019 - SENSIBILIDADE DOS GRANDES INVESTIDORES




Conforme é sabido, o PIB é igual ao consumo das famílias, correspondendo a cerca de 60%, mais os investimentos privados, relativos a 20%, mais os gastos do governo, que se aproximam de 20%. A balança comercial, que é a diferença entre as exportações e as importações, está embutida na demanda global em referência, sendo o PIB a oferta doméstica. Portanto, quem puxa a demanda com maior número de pessoas é o consumo. Entretanto, os gastos do governo são multiplicativos e os investimentos são acelerativos, conforme Keynes, em seu livro Teoria Geral. Ora, a dinâmica da demanda se dá principalmente pela ação conjunta dos três agregados citados. Ocorre que, se o governo não realiza a infraestrutura devida, as empresas ficarão a desejar em suas vontades. Essas insuficiências gerarão menos emprego e, portanto, menor consumo. No geral, o PIB, quando cresce, cresce pouco e o desemprego é elevado. Na equação em referência, o que mais puxa o PIB é o investimento, não o consumo, que é o que tem maior participação relativa. Assim, se quem tem dinheiro, os grandes capitalistas não investem e eles ficam aplicados na dívida pública, a economia como um todo não reage. Como o governo tem déficit primário, pouco pode investir.

Na coluna Painel, da Folha de São Paulo de hoje, jornal que, como um todo é contra a gestão de Jair Bolsonaro, que prometeu fechá-la, juntamente contra está o grupo O Globo, o retrato de curto prazo é o seguinte: “Sem venda nos olhos” (título). “Os tropeços de Jair Bolsonaro começaram a abalar a confiança de grandes investidores nacionais na sua gestão, o que ampliou no Congresso de que o presidente se rende a um pacto político, ou terá que se habituar à ideia de levar o mandato a ‘trancos e barrancos’. Nos últimos dois dias, dirigentes de bancos e corretoras sondaram pessoalmente partidos alinhados ao Planalto sobre as chances da reforma da Previdência deslanchar. Os relatos não foram alvissareiros”. Prossegue: “O Cara. A sensação de que Bolsonaro não tem condições de coordenar a agenda de governo ampliou a pressão do mercado sobre o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ)”. Maia ontem mesmo rebateu Bolsonaro, quando tinha dito que os militares garantem a democracia. Maia disse que não. O que garante a democracia são o Congresso e a harmonia entre os três poderes.

Pouco a pouco se vê que Bolsonaro não irá governar realmente, embora a equipe econômica seja boa. Poderá exercer então o papel da rainha da Inglaterra? Os militares por seu turno se arregimentam e respondem às bobagens que ele tem dito. O general Heleno e o general Mourão, ministros de dentro do Planalto, têm sido pessoas que explicam o presidente, de forma assertiva. Já há 100 generais em órgãos de poder e vários militares no segundo escalão.


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