14/03/2019 - TÁTICAS DAS REFORMAS
Na ausência do planejamento econômico, de forma estratégica, que
ocorreu de 1949 a 1979, os governos têm feitos programas, agendas, pacotes ou
táticas. O atual veio com táticas bem distintas das então conhecidas. Primeiro,
o governo central enviou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da
Previdência Social. Segundo, nela está embutida a provável distensão para um
projeto de lei de outra mudança na reforma trabalhista, adicional àquela de
2017. Terceiro, uma reforma sindical anunciada e já começada. Quarto, também,
em decorrência da citada PEC, haverá projeto de lei de inclusão dos militares
na PEC da Previdência, a ser entregue na próxima semana. Quinto, prometido, será
enviado em abril a PEC do pacto federativo. Sexto, o governo federal iniciará
amanhã os leilões de privatização da sua gestão, relativo a doze aeroportos
regionais. Porém, a equipe econômica tinha prometido privatizar quase todas as
empresas estatais, ainda em compasso de espera como será. Na verdade, a atual
administração vem lentamente querendo fazer as reformas e ainda não iniciou o
preenchimento dos segundo e terceiro escalões. As táticas da espécie são algo
novo na gestão brasileira, onde os projetos agora são enviados ao Congresso,
para testar congressistas, sem negociação com eles. Antes os projetos de lei do
governo central já vinham negociados ou vinham sobre a forma de pacote fechado.
As táticas do governo tem sido as do cágado: devagar e em frente. Infelizmente,
se continuar assim, não chegará longe. O que não se espera, já que a
expectativa ainda é otimista.
Convém comentar, no momento, a PEC do pacto federativo. Nome
bonito para a desvinculação dos gastos do orçamento, onde 90% são de despesas
obrigatórias. A proposta é de desamarrar, desindexar, desengessar e desvincular
do orçamento federal, mas sendo crucial para Estados e municípios,
principalmente pelas despesas obrigatórias. Sabe-se que milhares de municípios,
dentre 6.750 deles, não têm condições de sobreviver sem as transferências
federais. Por outro lado, o referido projeto traz dentre de si a possibilidade
de um Plano de Equilíbrio Financeiro para os Estados e municípios, que será
enviado em forma de lei. As táticas são novas, visto que dentre da PEC referida
pode sair um ou mais projetos e decretos complementares.
O calcanhar de Aquiles da PEC de desengessar o orçamento é o
gasto com a Previdência Social e com o funcionalismo, que alcançam juntas 70%.
Os 20% outros são gastos obrigatórios com Saúde, Educação e transferências dos
Fundos de Participação de Estados e Municípios. Os 10% restantes seriam para
pagar parcelas do endividamento crescente, visto que há déficit primário, bem
como para investimentos em infraestrutura, que vêm definhando desde 2014,
quando recomeçou e não parou o déficit primário. Este é a diferença entre a
arrecadação e os gastos globais. Sendo negativo, não dá nem para pagar parte
dos juros da dívida pública.
Quando FHC começou o Plano Real a primeira coisa que fez foi
à criação do Fundo Social de Emergência. Será que essa PEC do pacto federativo
virá no mesmo sentido?
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