22/01/2019 - EDITORA ABRIL SAIU DAS MÃOS DOS FUNDADORES




Recentemente, a Editora Abril, de quase 70 anos de publicação de inúmeras revistas, uma potência editorial criada pelo Victor Civita, Roberto Civita e outros, marcou época com os primeiros gibis, revistas em defesa da democracia e que agora foi vendida para um especialista em aquisição, por preço simbólico, de massa falida. Em artigo de hoje, na Folha de São Paulo, Marcelo Carvalho, sócio e vice-presidente da Rede TV, refere-se ao “Responsável pela morte da Abril” (título do artigo), de que equivocadamente se acredita que foi da internet, do marketing, da inteligência artificial e de outras formas tecnológicas. Não foi. Para ele, o fim da citada editora se deu pelo instituto de Bonificação de Volume (BV), do qual é carreado para as empresas líderes de comunicação. Assim, outras empresas também estão ameaçadas.

Nas suas palavras: “E por que não há dinheiro? Porque a maior parte das verbas publicitárias vai para a Globo devido ao BV (Bonificação de Volume), um rebate de bilhões pagos para agências de publicidade. Para se ter uma ideia, só no meio TV, a Globo, com apenas 33% de audiência, fica com até 90% do dinheiro de mercado – em anos de crise como os últimos, em que há um natural enxugamento de verbas pelos anunciantes, esse ralo passa também a chupar as verbas dos outros meios. Esse sim, é o verdadeiro vilão da derrocada da Abril, e do sufoco do mercado como um todo: o BV, eufemisticamente chamado de “Planos de Incentivo”, uma espécie de propina legalizada. Nos grandes mercados do mundo, especialmente os EUA, essa prática é crime. Foi proibida, pois ao passar um benefício ao intermediário, na melhor das hipóteses, este pode ser tentado alocar investimentos de seus clientes onde lhe é mais rentável, e não onde é mais rentável para o anunciante. Não há cálculo da mídia, de rentabilidade ou adequação de público que justifique a concentração de até 90% de verbas em um veículo que tem 33% de audiência. E aí míngua os anúncios na Veja, na Cláudia e, por consequência, míngua a Abril. Essa prática foi consagrada por uma lei do ex-presidente Lula em 2010, por coincidência às vésperas do mensalão, por coincidência coordenada por um publicitário, Marcos Valério, por coincidência julgado o caixa pagador do propinoduto com muitos recursos que teriam vindo... por meio de BV”. Marcos Valério está preso até hoje, condenado a mais de 40 anos de prisão. O autor do referido artigo segue escrevendo que ao continuar tal mecanismo outros órgãos de imprensa serão sufocados.

A questão que não quer calar: quem faz citados rebates?   

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