27/06/2015 - REDUÇÃO DA META DE TOLERÂNCIA INFLACIONÁRIA
A inflação brasileira está sendo
prevista pelos cem analistas financeiros, credenciados pelo Banco Central como de
9%, neste ano, o dobro do centro da meta de 4,5%, processo inflacionário que
estava acima da meta de tolerância. Em reunião do Conselho Monetário Nacional
(CMN), no dia 25, passado, manteve-se o centro da meta de 4,5%, que existe
desde 2006, mas com um limite máximo de 6%. A redução do chamado intervalo da
meta vinha sendo defendida pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central,
que, com mais um componente, o Ministério do Planejamento, formam o CMN. Os
três se reuniram e levaram o documento decisório para a presidente da República
também assinar. Para que essa encenação, justamente quando a inflação se situou
agora por volta de 8,5% e em ascensão? Eles disseram que estão reforçando o
compromisso com a redução inflacionária. Mas, qual, veladamente, eles estão se
justificando previamente pelas elevações da taxa de juros básica, a SELIC, que
irão ocorrer até que a inflação convirja para o centro da meta. Enquanto isto,
a recessão se aprofunda, os empresários se queixam mais da taxa de juros
elevada, buscando financiamentos externos (vide consequência no segundo
parágrafo) ou retraindo investimentos, cidadãos vendem imóveis para serem mais
rentistas. Em suma, o clima econômico somente melhorará quando a inflação
voltar a cair.
Por seu turno, um boletim do
Banco Credit Suisse indicou que a dívida externa brasileira poderá superar as
reservas internacionais do Brasil, pela primeira vez desde 2007. A estimativa é
de ela chegar a US$368 bilhões, enquanto as reservas estarão em US$367 bilhões.
A causa da alta da dívida externa se deve à tomada de empréstimos externos
pelas empresas, em razão de ser mais vantajoso tomar dinheiro lá fora, pelos
juros menores e prazos mais longos. As projeções do referido banco é de que a
dívida do governo será de US$95 bilhões e a das empresas US$273 bilhões. Em
2002, o montante devido pelo governo era US$110 bilhões e pelas companhias
US$100 bilhões, principalmente porque o Brasil tinha recorrido ao FMI. No
primeiro governo de Lula (2003-2006) se pagou ao FMI, enquanto as reservas
externas começaram a subir, ultrapassando a dívida externa. Desde então, os
governos do PT passaram a dizer que o Brasil teria pago a dívida externa. Ledo
engano. A propósito, ter reservas externas maiores do que as dívidas externas,
ambas não podem ser canceladas. Ambas são de natureza, credores, devedores e
prazos diferentes. As reservas externas dão a dimensão de quantos anos poderão
ser utilizados os recursos para cobrir o déficit no balanço de transações
correntes. Por exemplo, as reservas de US$360 bilhões, déficit externo em conta
corrente de US$90 bilhões, daria uma vulnerabilidade de quatro anos. A dívida
externa é somada à dívida interna, formando o total da dívida do País, em
relação ao PIB, hoje calculada em 63%, sendo considerado patamar muito elevado
pelas agências de risco, que, neste ano, já ameaçaram cassar o grau de
investimento do Brasil, somente não o fazendo porque acreditam que o ajuste
fiscal irá reduzir referido percentual. Assim, o ajuste fiscal é obrigatório para
fins internos, visando sanear as contas públicas, bem como para fins externos,
reduzindo a vulnerabilidade brasileira. Mas, os cortes de gastos públicos e
elevação de tributos trouxeram a recessão.
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