05/06/2015 - FORTE CORTE NA DEMANDA AGREGADA




Engana-se quem acredita que ao cortar gastos e elevar tributos o governo federal não irá atingir pelo menos seus dois objetivos: obter superávit primário, para corrigir a escorregada do ano passado, depois de 18 anos, quando se obteve déficit primário em 2014, de 0,6% do PIB, bem como combater a inflação recalcitrante, que ameaça chegar a dois dígitos. O uso da política fiscal austera está em curso e a política monetária chegou a mais um aumento de 0,5% na SELIC, agora em 13,75%. Resultado ensaiado é de forte recessão, por volta de 2%. Dizem os ortodoxos na direção da política econômica, contra protestos de áreas expressivas de partidos políticos, inclusive o PT, de que “ira piorar, está piorando, mas depois melhorará”. A questão é quem paga este ajuste pelos erros da gestora do primeiro mandato? “Você, cara pálida”. Os 39 ministérios, embora parecendo reduzidos a 38, dada a vacância de um ministro, 891.949 servidores públicos mantêm seus empregos, em seus ministérios, havendo desemprego somente no setor privado. Os ministérios referidos custam R$400 bilhões por ano. Os servidores públicos custam R$214 bilhões, distribuídos em 757.158 cargos concursados, que têm estabilidade constitucional, mas existem 113.869 cargos de confiança, indicados, a conhecida partidarização do governo, mais 120.922 servidores que têm cargos temporários, partidarizados em segundo grau, dados numéricos conforme consta do site da revista Isto é.

Veja-se que, com a ajuda dos Estados, o superávit primário atingiu R$32,4 bilhões até abril. O setor público economizou 50% da meta atual para o ano, que é poupar R$66,3 bilhões. Quem pagou isto? Primeiro o Ministério das Cidades, depois o Ministério da Saúde, depois o Ministério da Educação, depois o Ministério dos Transportes, mas em obras, em inversões. Obras públicas ou investimentos? Sim. É só observar o “mundo” de greves nas universidades federais e muitas outras escolas estaduais pelo País. Pagou, novamente, você, que compõe a imensa maioria.

Em resumo, essa política econômica de “stop and go”, desde 1979, vai trazer realmente isto: ciclo que não emplaca crescimento sustentável. Falta planejamento de longo prazo.

 

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