22/06/2015 - CICLO LONGO DE ALTA DA SELIC




O ciclo longo de alta da taxa básica de juros, a SELIC, é verificado por passar de dois anos, desde abril de 2013 e é esperada ainda, pelo menos, mais uma alta de 0,5% na referida taxa, na próxima reunião de agosto deste ano. Espera o governo encerrar o longo ciclo citado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM). No primeiro mandato da presidente Dilma, assumido em 2011, incensada pelo presidente Lula como boa gestora na sua campanha, ela não seguiu à risca o seu padrinho, já que ele depositou nas mãos de Henrique Meirelles, durante oito anos, a condução do Banco Central (BC), despertando a confiança dos empresários, pela sua experiência administrativa. A presidente, mantendo uma equipe econômica de fachada, postou-se ela mesma como a economista que iria dar as cartas. Na política monetária, sua visão era de que deveria derrubar a taxa básica de juros, a SELIC, para que o capital deixasse o mercado financeiro e se deslocasse para o mercado da produção, conforme reza a teoria econômica. Só que a referida teoria é baseada em países desenvolvidos, de quase nenhuma ou de inflação que gira em torno de 2% anuais. O Brasil sempre teve inflação elevada, embora tenha inflação bem comportada desde julho de 1994, quando do Plano Real. Em épocas difíceis recentes, a inflação ameaça passar de dois dígitos, como agora. Dessa maneira, veladamente, no início do seu governo, a presidente mandou que o Banco Central baixasse em 5% a taxa SELIC, até 7,25% anuais. Os empresários não elevaram seus investimentos, porque esperavam também pelas reformas econômicas prometidas, principalmente, a tributária, as quais não aconteceram. Então, não ampliaram muito o investimento, a oferta não se ampliou como esperado e a inflação recrudesceu. Portanto, o tiro saiu pela culatra, tendo ela que voltar atrás, em meados do primeiro mandato, passando a subir a taxa de juros para controlar a inflação. Mas, esta não cedeu, visto que a produção não acompanhou a demanda. A confiança dos empresários não retornou. Assim, de abril de 2013 para este mês, a taxa SELIC já subiu para 13,75% ao ano, em 6,5%, mais do que os 5% que ela derrubou nas SELIC e a inflação continua em escala ascendente. Pior, as contas públicas de 2014 resultaram em déficit fiscal, depois de 18 anos de superávit primário. Dessa maneira, a economia teve que ser ajustada neste ano e hoje se encontra em forte recessão.

A inflação continua em alta, na direção de 9%, o dobro da meta do Conselho Monetário Nacional. Portanto, o BC já declarou que somente deixará de aumentá-la, enquanto não convergir para o centro da meta de 4,5% em 2016. O fato é que a expectativa de mercado é de a inflação chegar a 8,79% neste ano. Não sendo bom para a referida meta de 2016, já que os analistas financeiros ouvidos pelo BC acreditam que no próximo ano ela convergirá para 5,5%; em 2017, para 4,8%; em 2018, para 4,7%; em 2019, para 4,5%. Mas, há uma dinâmica que pode ser alterada a cada reunião de 45 dias do BC, quando move ou não a taxa SELIC, de acordo com os movimentos dos agentes econômicos, os quais acreditam que ela poderá diminuir nos próximos meses, lentamente. Face ao exposto, os consultados pelo BC acreditam que a inflação ficará alta no curto prazo; cairá no médio prazo e só convergirá para o centro da meta no próximo governo. Portanto, as taxas de juros provavelmente estarão altas até lá. Juros elevados, baixo ou baixíssimo crescimento. Certamente, a década dos anos de 2011 a 2020 atrasará bastante o progresso brasileiro, sendo muito provável que o Brasil deixe o sétimo lugar do PIB para a Índia. Já, na cola, do Brasil. Manter-se em oitavo será muito difícil, arriscando-se a ficar em nono ou décimo lugar, se não for retomado logo o nível de crescimento por volta de 3% a 4% ao ano.

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