21/06/2015 - A LEI VALE PARA TODOS
A 14ª fase da Operação Lava-Jato
da Polícia Federal, que investiga a corrupção nos contratos da Petrobras,
denominada de erga omnes, termos em latim que significa que “a lei vale para
todos”, prendeu ontem Marcelo Odebrecht, presidente da Construtora Norberto
Odebrecht, a maior empreiteira do País, bem como Otávio Marques de Azevedo,
presidente da Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do Brasil, mais dez
outros dirigentes delas. Nas treze fases anteriores foram feitas delações
premiadas e apresentados documentos de pagamentos de propinas de R$510 milhões,
pagos pelo grupo Odebrecht, assim como de R$200 milhões, pagos pelo grupo
Andrade Gutierrez. As prisões tiveram grande repercussão internacional devido
ao fato de que a Odebrecht, fundada em 1944, possui operações em 21 países, a
Andrade Gutierrez, fundada em 1948, internacionalmente, com passos semelhantes
dados. As dimensões em que a apuração dos fatos será gigantesca, no momento em
que inúmeras obras estão paralisadas ou em ritmo lento Brasil afora. As
oportunidades de acertos dos desvios permitirão que os contratos com essas
empreiteiras e mais de dezenas delas sejam aperfeiçoados e os custos das
operações conduzam à eficiência e eficácia requeridas.
O juiz federal Sérgio Moro, que
vem conduzindo a Operação Lava-Jato observou que “As empreiteiras não foram
proibidas de contratar com outras entidades da administração pública direta ou
indireta e, mesmo em relação ao recente programa de concessões lançado pelo
governo federal, agentes do poder executivo afirmaram publicamente que elas
poderão dele participar, gerando riscos de reiteração das práticas corruptas,
ainda que em outro âmbito... até razoável, no contexto, discutir a
sobrevivência das empresas através de mecanismos de leniência, para preservar a
economia e empregos”. Já, o Ministro da Controladoria Geral da União (CGU),
Valdir Simão, externou que o governo não irá proibir as empreiteiras de
participarem de licitações: “Tecnicamente, atualmente, não há impedimento para
as empresas participarem de processo licitatório. Somente após a conclusão do
processo de responsabilização e sendo punidas é que elas seriam impedidas”. O
fato é que os acordos de leniência serão bem explícitos que, contratando com o
governo, os contratos fraudulentos obrigarão elas, em troca de ressarcir ao
erário, pagar multas e contribuir com as investigações. Cabe então à CGU
cumprir bem o seu papel.
Na sequência da citada operação,
aguarda-se se os presidentes das duas maiores empreiteiras irão ou não fazer
delações premiadas. De qualquer maneira, puxou-se o maior fio do novelo, para
que a operação agora vá em direção dos políticos, que serão objeto de ação
penal no Supremo Tribunal Federal, inúmeras vezes maior do que o “mensalão”.
Comentários
Postar um comentário