18/06/2015 - COBRANÇA INÉDITA À PRESIDENTE
O Tribunal de Contas da União
(TCU) adiou o julgamento das contas do governo da presidente Dilma, relativas
ao exercício de 2014, cobrando, pela primeira vez, de um presidente da
República, que se explique pessoalmente sobre 13 irregularidades passíveis de
reprovação, no prazo de 30 dias. A plenária do TCU aprovou por unanimidade,
visando observar o contraditório. Se fossem rejeitadas as contas, a presidente
ingressaria no Supremo Tribunal Federal, arguindo que não teve direito de
defesa. Agora, ela terá de responder. No total, as dívidas escondidas pelo
governo em 2014, com bancos e fornecedores, chegaram a R$256 bilhões. O relator
no TCU, Augusto Nardes, disse que o governo fora avisado de que teria de cortar
despesas e, mesmo assim, aumentou gastos no último ano do primeiro mandato,
quando ela tentava a reeleição. Afirmou Nardes que “é preciso dar um basta
nisso”. Mais adiante, arrematou: “A Lei de Responsabilidade Fiscal não pode ser
jogada pela janela”. A rejeição das contas pode prejudicar a imagem externa do
País, aumentando a desconfiança dos investidores e criar dificuldades internas
da administração federal.
Conforme divulgado pelo TCU, os
13 pontos estão distribuídos em quatro grupos. (I) Pedaladas fiscais. 1.
Segurar dinheiro que a União teria que repassar à Caixa, para pagar despesas
com o Programa Bolsa Família, abono salarial e seguro desemprego em 2013 e
2014. 2. Usar o FGTS para cobrir despesas do Programa Minha Casa, Minha Vida,
de 2010 a 2014. 4. Omitir débitos da União junto ao Banco do Brasil, BNDES e
FGTS nas informações sobre a dívida pública de 2014. 5. Deixar de informar as
transações primárias deficitárias da União junto ao Banco do Brasil, ao BNDES e
ao FGTS em 2014. (II) Manobras e falhas contábeis. 6. Inscrever em restos a
pagar de R$1,367 bilhão, relativos às despesas do Programa Minha Casa, Minha
Vida. 7. Deixar de contingenciar despesas não obrigatórias (discricionárias) da
União, no valor de R$28,54 bilhões, quando decretou corte de despesas ano
passado. 8. Executar despesas sem suficiente dotação no Orçamento de
Investimento. 9. Pagar dívida da União com verbas do FGTS sem autorização
orçamentária. 10. Extrapolar o montante de recursos aprovados no Orçamento dos
Investimentos, em oito empresas estatais. (III) Erros Orçamentários. 11.
Ausência do rol de prioridades da administração pública federal, com suas
respectivas metas, no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014. 12.
Existência de distorções em parte significativa das informações sobre
indicadores e metas previstos no Plano Plurianual de 2012-2015. (IV) Barganha
com o Congresso. 13. Usar a execução orçamentária de 2014, atendendo às emendas
parlamentares, para influir na votação do projeto de lei que flexibilizou metas
fiscais e permitiu ao governo fechar as conta no azul.
Para o advogado geral da União,
Luís Adams: “O governo não tem nada a temer. O governo está fazendo seu papel
de tentar governar o País e fazer as políticas públicas avançarem. O governo
ganha com essa decisão, porque poderá apresentar o contraditório, poderá
explicar as contas”. O TCU fará o julgamento, aprovando ou não as contas com
ressalvas. Em seguida, o relatório irá ao exame do Congresso Nacional.
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