03/06/2015 - CLASSE C COMEÇOU A RECUAR
Teoricamente, um sistema
econômico funciona puxado pela demanda agregada. Em seguida vem a oferta
agregada. A demanda agregada é composta por consumo das famílias, gastos do
governo, investimentos e exportações. Para supri-la, a oferta agregada se
compõe do produto interno bruto mais as importações. Ao assumir em 2003 o
governo de Lula centrou seus esforços na dinâmica do consumo das famílias.
Havia muito espaço para crescer. Assim, ampliou o Programa Bolsa Escola,
denominando-o de Bolsa Família. Elevou os demais programas sociais. Aumentou o
crédito. Incentivou mais ainda a construção civil. Na medida em que o PIB
crescia a boas taxas, os ganhos reais do salário mínimo e dos salários médios
em geral foram expressivos. Antes, mesmo, a estabilidade econômica advinda com
o Plano Real, em 1994, ampliou as possibilidades da ascensão de pessoas, antes
nas classes D, para a classe C. A conjuntura internacional da década de 1990,
apresentou vários ataques especulativos, no México, nos Tigres Asiáticos, na
Rússia e no próprio Brasil, não permitiram aos governos de FHC crescer
anualmente mais do que 2,3%. Porém, nos anos de governo Lula os anos foram de
bonança internacional, exceto 2009. O PIB da era Lula foi acima de 4% anuais. Nos
últimos dez anos cerca de 40 milhões de cidadãos chegaram à classe C, que têm
renda média mensal de R$2.000,00. Referida classe é de cerca da metade da
população nacional, sendo mais de 100 milhões de pessoas. Mudanças no
comportamento mostraram a melhoria na vida delas. Um grande contingente de
pessoas deixou o SUS, para ter plano de saúde, tirou os filhos da escola
pública e colocou na escola particular, trocou o transporte coletivo pelo carro
e deixou o ônibus pelo avião. A revista Veja, desta data, teve acesso aos
institutos de pesquisa Ipsos, Data Popular, Tendências Consultoria e Plano CDE,
cujos trabalhos observaram mudanças recentes nos comportamentos em sentido
retroativo da classe C. A pesquisadora Tendências Consultoria calcula que a
classe C perderá 2,5% de renda média em 2015, por força da elevação de tributos
e inflação acima de 8% anuais. A classe
C começou a recuar.
Dessa forma, observa-se que o
crédito se tornou restrito e caro tendo levado a cerca de 50 milhões de
brasileiros da nova classe média a ter uma conta atrasada, recorrendo mais
ainda ao cartão de crédito e ao cheque especial. Muitos retornarão à classe D.
Porém, não será alterado os cerca de 50% de sua participação, visto que também
haverá ascensão da classe D.
Dessa maneira, como exemplos, a
vida da classe média em três itens visíveis. (1) Lazer. Conforme os
pesquisadores acima citados, em julho de 2014, por volta de 44% iam a
restaurantes, cinemas e casas noturnas ao menos uma vez por mês. Na atualidade,
caiu para 33%. (2) Consumo. Aproximadamente, 34% compraram uma peça de roupa em
julho de 2014. Em abril deste ano apenas 13%. Já está se tornando prática mais
comum grupos familiares se reunirem para comprar em atacados, visando pagar
menos pelos bens requeridos e formando pequenos estoques. (3) Renda. De 2005 a
2015, a renda média da classe C se elevou em 71%. Conforme a estimativa acima
citada a renda média destes cairá 2,5% em 2015.
Ontem mesmo, o Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) anunciou que o brasileiro, em
média, passou a gastar 150 dias (41% do ano) para pagar tributos, enquanto na
década de 1980 eram 70 dias (19%). Ademais, reitera o fato de que no Brasil os
governos cobram tributos como país de primeiro mundo e devolvem serviços de
país do terceiro mundo.
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