20/05/2015 - IDEIAS ECONÔMICAS MALUCAS PERSISTEM



Mais uma Medida Provisória, que entrou em vigor ontem, é uma concepção econômica que fragiliza a gestão do Brasil. Ela veio em resposta ao projeto aprovado pelo Congresso, de eliminação do fator previdenciário, mediante criação da regra de aposentadoria 85/95, mulheres se aposentando quando a soma da idade mais o tempo de contribuição chegar a 85 anos; homens, aos 95 anos.  Vetado pela presidente Dilma, mas, imediatamente, enviando a referida Medida Provisória, mantendo por dois anos a regra 85/95, instaurando, a partir de 2017, a progressividade de aumentar um ano em cada faixa, até a regra alcançar 90/100, no ano 2022. A justificativa do governo é de que a expectativa de vida do brasileiro ainda estará crescendo, em direção aos 80 anos de idade até 2020. Os Ministros da Fazenda, Planejamento e da Previdência estiveram em público, mostrando a citada Medida Provisória como algo mais lógico do que a regra fixa 85/95, devido ao fato de que o Brasil está na faixa do bônus demográfico (não citado assim por eles, mas de que a expectativa de vida está aumentando, não sendo a mesma coisa, claro). Depois, para ainda complicar, o Ministro da Previdência, Carlos Gabas, disse que a nova proposição trará ainda uma economia de R$50 bilhões até 2026. Até 2030, a economia deve ser de 0,5% do PIB. Porém, o Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, questionado sobre a elevação do gasto público em 2015 e 2016, disse que não era importante fazer a conta. Portanto, está também em vigor o fator previdenciário, que permite a quem quiser se aposentar, ver se é a melhor opção, bem como a Medida Provisória em referência, permitindo por dois anos a regra 85/95, que durará por 120 dias, até o exame do Congresso. A maluquice encetada, sem dúvida, dará lugar a várias questões perante a previdência, visando a isonomia e equiparação de aposentadorias.

Miriam Leitão, em sua coluna no jornal O Globo, de ontem, pediu a Fábio Tafner, segundo ela: “Especialista no tema, foi aos números e chegou à conclusão que a MP é uma contrarreforma. A regra apresentada pelo governo hoje trará mais gastos do que o modelo que vigora desde 2000, elaborado por Solange Vieira. Segundo Tafner, neste ano, haverá um crescimento da despesa de cerca de 0,5% em relação ao modelo atual. Essa diferença crescerá nos próximos anos, e a despesa será 7,8% maior, em 2030, e 30%, em 2050... O governo não quis fazer as contas do que se perde em relação à situação vigente, mas as agências de classificação de risco e os investidores farão e vão concluir que andamos mais uma casa para trás”.

O presidente Lula tem se referiu no 5º Congresso do PT, que a imprensa está contra o seu partido há dez anos. Isto é, desde o início dos escândalos, com o “mensalão”. Nem aliado do governo, como conselheiro informal, o conhecido economista Antônio Delfim Netto, está aprovando o ‘samba do crioulo doido’ em que se envolveram os governos do PT nesta década, disse ele que a bagunça da economia: “será um campo fértil para ideias malucas progredirem”.

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