28-03-2015 - ARMÍNIO SUPÕE AJUSTE AQUÉM DO NECESSÁRIO
Sem dúvida,
Armínio Fraga, que foi autoridade monetária do governo FHC, assim como Joaquim
Levy, atual autoridade monetária, são ortodoxos, no exercício da política
econômica. Ambos acreditam que fazer política econômica é administrar o tripé
da política monetária, cambial e fiscal, no quadro de liberdade relativa dos
mercados. A monetária, mediante controle inflacionário pela taxa de juros. A
cambial, perante câmbio flutuante e pela não permissão de contágio externo,
através da intervenção do Banco Central, para evitar especulação e inflação. A
fiscal, realizando superávit primário, para pagar a dívida pública. A diferença
entre ambos está basicamente na política fiscal. Armínio acredita que o
superávit primário de 1,2% do PIB, proposto por Levy, é insuficiente. De que este
deveria ser de 3%, para estancar o aumento da dívida bruta do governo, diante
da alta dos juros e da deterioração das perspectivas de crescimento da economia
brasileira, conforme entrevista concedida ao jornal Valor Econômica, em
19-03-2015. Os 3% seriam pelos próximos 3 anos e permitiriam um crescimento
econômico entre 3% a 4%, além de que os juros reais, hoje em 6,5% cairiam para
4%, reais, já no segundo semestre deste ano. Entretanto, supondo o superávit de
1,2% do PIB, segundo ele, que no segundo mandato da presidente Dilma se irá
conseguir no máximo crescer 1% ao ano, bem como a dívida bruta chegará a 100%
do PIB, entre quatro a cinco anos.
O ex-presidente
do Banco Central afirmou que a equipe econômica atual deveria fazer mais e
melhor, cuidando da qualidade do ajuste fiscal, preservando investimentos
públicos e fazendo as reformas econômicas, visando reestabelecer a confiança
dos agentes econômicos, para incremento do PIB. Quanto à política monetária, o
Banco Central está no caminho certo, tendo elevado seguidamente as taxas de
juros e ainda o fará, até que a inflação recue para o teto da meta de 6,5% e
prossiga para o seu centro de 4,5%. Quanto à política cambial, a atual depreciação
do câmbio, embora ponha pressão no curto prazo, crê seja muito bem vinda.
Em adendo ao
exposto, através das palavras de Armínio: “O Brasil deveriam estar vivendo um
‘boom’ de investimentos de infraestrutura. Tem o sistema tributário distorcido,
repleto de isenções desprovidas de justificativa econômica ou social. O mesmo
se pode dizer da grande parte dos subsídios concedidos através dos bancos
públicos, sobretudo do BNDES. Isso gera um quadro de alto risco e de alto custo
de oportunidade quando se pensa no crescimento. Em outras áreas também vejo
muito espaço para o governo melhorar. A educação certamente está no topo da
lista. A não inserção do Brasil na economia mundial é muito preocupante... Acho
que o Joaquim Levy, ministro da Fazenda, e Alexandre Tombini, presidente do
Banco Central podem fazer a diferença. A presença deles é positiva, destoa”.
O que Armínio
não se estendeu, em sugerir ações, agora mesmo insiste o presidente do Senado,
o presidente da Câmara e o vice-presidente, os três do PMDB, em cortar na
metade o número de ministérios. O coro
está aumentando em definir mais reduções de gastos públicos. A presidente já se
referiu anteontem em reduzir o “status” de muitos dos seus ministérios, para
cortar custos. A pressão está surtindo efeitos. O ajuste fiscal tem que ser
maior mesmo do que somente os 1,2% de superávit primário proposto no início do
ano pela equipe econômica. Ou seja, diminuir a máquina pública Para torná-la
menos ineficiente. Em outro sentido, veio agora à tona, que o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais, investigado pela Polícia Federal, desde
2013, beneficiaram 70 empresas, que corromperam R$19 bilhões, fraude duas vezes
maior do que o escândalo da operação Lava-Jato. Enfim, muito dinheiro pode
entrar para elevar o superávit primário, a mais do que o referido. Isto a sanha
fiscalista sempre procura fazer. O discurso de Armínio será bem visto, com
certeza, pelo Joaquim Levy, conhecido “mãos de tesoura”. Acredita-se,
inclusive, que cortar gastos e reduzir impostos é quase unanimidade entre
aqueles que querem o bem da economia brasileira.
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