06/03/2015 - BOMBAS DE EFEITO RETARDADO
Data de 1979, a tentativa de
execução de um verdadeiro plano econômico. Sim, a política econômica do
período, 1949-1979, no qual o Brasil foi o País que mais cresceu no mundo, a
taxa média anual do período superior a 6%, foi respaldada pelos Planos SALTE,
de METAS, TRIENAL, PAEG, PED, I PND, II PND, III PND, formulados como
verdadeiros planos econômicos. Como a inflação ultrapassou daquela época os
temíveis 100%, os governantes, em sequência, procuraram fazer programas de estabilização,
chamados de planos, falsos planos econômicos. Foram eles denominados Planos:
Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor I, Collor II, Real. Sim o Plano
Real, o exitoso na estabilização econômica, mediante criação da moeda REAL,
somente foi um vitorioso programa monetário, parcialmente ainda em vigor.
Enfim, desde 1979, o último governo militar, de João Figueredo (nome é assim
mesmo), iniciou a criação de “pacotes” econômicos, conforme são até hoje.
Referidos “pacotes” criaram choques na população, sendo o pior deles o Plano
Collor (1990), que sequestrou a poupança de mais de 100 milhões de brasileiros.
Em todos estes sete programas de estabilização as bombas foram de efeito
imediato. Até hoje o cidadão fica com receio quando se fala em que o governo
tomará certas medidas econômicas. Assim, FHC e Lula cuidaram de não fazer mais
dessas bombas. Porém, Dilma inaugurou as bombas de efeito retardado, a serem
vistas no parágrafo seguinte. Em
síntese, no plano econômico estratégico, de longo prazo, a política econômica trouxe
melhores resultados. Entretanto, desde a chamada “década perdida” (anos de
1980), ela tem sido de “stop and go”, ou seja, de medidas tópicas, de curto
prazo, conjunturais.
Em 1994, mediante implantação do
Plano Real, acreditou-se que o Brasil se tornava um país emergente e de que
teria crescimento virtuoso. Nos dois mandatos de FHC se irradiaram as crises
externas do México, dos Tigres Asiáticos, da Rússia, havendo ataques
especulativos ao País, tendo este último ataque deixado o Brasil sem reservas e
este teve de recorrer ao FMI. Mesmo assim, a era FHC (1995-2002) cravou taxa
média de incremento do PIB de 2,3%, estabilizando a inflação em menos de dois
dígitos. A era Lula seguiu o mesmo esquema, formulado pela equipe econômica de
FHC, baseado no tripé de (1) meta de inflação; (2) superávit primário e (3)
câmbio flutuante. Lula acertou, contando com cenário internacional favorável de
grande incremento dos preços das commodities; ampliando os programas sociais de
renda mínima; tirando o desemprego de dois dígitos, colocando-o em um dígito; expandindo
o crédito e a habitação, condições estas últimas que Dilma não contou, devido a
muitas delas estarem praticamente esgotadas ou de baixo crescimento, tais como
o consumo, o crédito e a habitação, além de grande queda nos preços das
commodities.
O primeiro mandato de Dilma manteve
o tripé da economia, estabelecido por FHC e seguido por Lula. Porém, Dilma marcou-se
por jogar bombas de efeito retardado, verdadeiros bumerangues. A primeira foi a
de reduzir em 5% a taxa SELIC, em um ano. Não dando certo, voltou a elevá-la ao
mesmo patamar de hoje, embora a inflação esteja bem maior. A segunda, em 2012,
resolveu baixar na marra em cerca de 20% a conta de energia elétrica. Logo
depois, o abastecimento de água negou fluxos, sendo acionadas as termelétricas
até hoje. Voltou atrás, reajustando tarifas em 2013, 2014 e 2015, reajustes que
ultrapassaram, em muitos casos, no período, mais de 70%. Novamente o tiro saiu
pela culatra. A terceira, centralizou as parcerias público/privadas, fazendo
muito poucas, visto que os empresários reclamaram da forte intervenção
governamental, em fixar regras. A quarta, aumentou a carga tributária ao invés
de promover a sua reforma. A quinta, discriminou os empresários, selecionando
quem deveria e quem não poderia ter subsídios do governo, tal como aconteceu
com benefícios para a indústria automobilística, a construção civil e os eletrodomésticos,
além do crédito para poucas empresas escolhidas e encaminhadas ao BNDES, para
obter crédito subsidiado. Muitos dos capitalistas se sentiram discriminados e se
abstiveram de novos negócios e a taxa de investimento sobre o PIB tem recuado
ano a ano em mais de quatro anos de governo. A sexta e a de pior efeito
retardado agora, são os preços administrados em geral, principalmente de
combustíveis e energia elétrica, como exemplos. Os preços administrados
chegarão a quase 9,5%, só nos três primeiros meses, poderão ir a mais de 13,5%
neste ano.
Em consequência geral, Dilma começou
depois de o País ter crescido 7,5% em 2010, colocando-o em baixo crescimento de
2,7%, 1%, 2,5%, - 0,2% (prévia, que se situará por volta dela, em vista das
pesquisas semanais do BC), de 2011 a 2014. A média do primeiro mandato seria de
sofrível 1,5% anuais. A expectativa do mercado de seu governo é de que, nestes
2015, a recessão se aprofunde e só a economia se recupere, com baixo
crescimento de 2016 em diante. O seu segundo mandato começou mais difícil do
que o primeiro, perante as contas nacionais estarem bastante deterioradas.
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