17/03/2015 - CRIAR IMPOSTOS E NÃO REDUZIR DESPESAS
Criar impostos e não reduzir
despesas tem sido a tônica do governo brasileiro desde 2003. Isto porque se
criou ainda mais ministérios, hoje em número de 39. Não se fala em fundi-los, ou
em reengenharia, quando se sabe que seus componentes “batem cabeça” ao realizar
as suas dotações orçamentárias. Por exemplo, existe o ministério do
Desenvolvimento, o da Ciência e Tecnologia, o da Pequena Empresa, na mesma
área; o da Agricultura, o do Desenvolvimento Agrário e o da Pesca, do setor
agropecuário. Sem alongar, somente em seis exemplos, quatro poderiam ser
extintos ou agregados. Em exercício de sala de aula de hoje, às 7 horas, dos 39
ministérios somente se conseguiu identificar 29. Sabe-se que a presidente passa
até meses sem despachar com ministros. É muita gente para compor uma agenda com
empresários, inaugurações, aberturas de feiras, associações, federações,
confederações, além de viagens, dentre outras atividades. Logo, a máquina é
pesada e ineficiente. Ademais, grande parte do tempo da presidente é em
realizar anteprojetos ou medidas provisórias de governabilidade. As relações
com o Congresso estão estremecidas, tendo hoje em dia voltada a tônica para a
reforma política, prometida por Dilma, desde as manifestações de 2013, travada
no Congresso, mas que agora parece que saiu da Comissão de Constituição e
Justiça e será discutida em plenário, bem como a regulamentação da Lei
Anticorrupção, que tem dois anos para ser regulamentada, mas que agora deve ser
feita, conforme promessa governamental, em resposta as manifestações do dia 15
passado, domingo, cuja principal queixa é contra a corrupção, abstraindo-se de
demais problemas.
O ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, por seu turno, foi ao Congresso, anteontem, sondar a possibilidade de
criar mais impostos, argumentando que a melhor opção que encontrou o Executivo
é um tributo federal sobre herança, visando atingir a parcela mais rica da
população, para dar sua contribuição para o ajuste fiscal. Isto frustra a bancada
mais rígida do PT no Congresso, que defende iniciativas mais duras, tais como
tributar grandes fortunas ou tributar a distribuição de lucros e dividendos. É
bom lembrar que a Medida Provisória 669, acerca de elevação de tributos sobre o
faturamento empresarial das pequenas e médias empresas, foi recentemente
devolvida pelo senador Renan Calheiros, considerando-a inconstitucional, por
criar mais impostos. Vale dizer, não há clima entre os congressistas de elevar
mais ainda a carga tributária, já que a mesma está em 36% do PIB.
Ontem, referido ministro se
apresentou na Federação de Indústrias de São Paulo, a mais forte organização
capitalista brasileira, pedindo apoio para MPs ou anteprojetos, visando o
ajuste fiscal. A FIEB cobrou do ministro um plano anual que limite o
crescimento das despesas de custeio da máquina pública, para que não haja uma
expansão no acima do PIB, tal como aconteceu nestes últimos doze anos.
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