04/03/2015 - BALANÇA COMERCIAL COM RÉCORDE NEGATIVO



O documento elaborado pelo Banco Central mensalmente acerca das relações econômicas do Brasil com o exterior se trata de balancete de recebimentos e pagamentos do País com o resto do mundo. Anualmente, chama-se de balanço de pagamentos internacionais. Ele se compõe de três balanças: comercial, de serviços e de capitais. A soma da balança comercial com a de serviços compõem o balanço de transações correntes ou em conta corrente. A balança comercial é a diferença entre exportações e importações. A balança comercial brasileira registrou o pior resultado para o mês de fevereiro desde 1980, quando se iniciou a série histórica calculada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O saldo ficou negativo em US$2,84 bilhões em fevereiro, mais o saldo negativo de janeiro, o buraco até agora é der US$6,01 bilhões. Secularmente, a balança de serviços é negativa. Não há um só registro de saldo positivo dela, visto que nela se incluem o pagamento de juros da dívida externa. Já os pagamentos de prestações do principal da dívida externa e novos empréstimos externos se registram na balança de capitais. Secularmente, positiva, vez que o Brasil sempre foi grande receptor de capitais, que aportam aqui, seja para especulação, seja para dominar espaços nos quais o capitalista nacional não consegue se impor. Não sem outro motivo, este saldo positivo da balança de capitais serve para cobrir o buraco do balanço em conta corrente, nos últimos anos a conta corrente tem sido muito negativa, chegando em 2014 a um saldo deficitário de 4% do PIB, o que tem recomendado mal para as agências de risco, as quais não têm visto com bons olhos a dívida bruta de 63% do PIB e o déficit primário de 0,6% do PIB. Tais condições, como tem piorado, tem levado o Brasil às cordas, ameaçando o grau de investimento, mesmo o País sendo adimplente em seus compromissos. Na verdade, o Brasil não corre o risco de default, consoante aconteceu com a Argentina em 2001, pelo que ainda não se recuperou. No caso do Brasil, a garantia é de cerca de US$400 bilhões de reservas internacionais. Ademais, contra ainda está o registro do ano passado de déficit primário, depois de 18 anos de superávit primário, de 0,6% do PIB.

O Ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto, senador e industrial, aposta numa reversão dos números, para obter superávit comercial em 2015, justificando que os saldos negativos de janeiro e fevereiro se deveram principalmente aos embarques mais tardios de soja e ao impacto da queda dos preços das commodities, principalmente o minério de ferro.

A luta está dura, principalmente dentro do Banco Central, que, provavelmente, elevará mais uma vez a taxa SELIC, em 0,5%, chegando a 12,75% anuais, visando combater a inflação. Dentro do Ministério da Fazenda, briga renhida, que precisa fazer superávit fiscal de pelo menos de R$66 bilhões. Dentro do Ministério do Desenvolvimento, que precisa tornar a balança comercial superavitária, estando o câmbio desfavorável, mais a indústria continua caindo na participação do PIB. Correndo contra ainda, foram cortados cerca de R$15 bilhões de obras do PAC e de pelo menos 30% das inversões da Petrobras. Felizmente, a ameaça de racionamento está se dissipando. Assim, é o que dá em ter-se uma política econômica de “stop and go”, ao invés do verdadeiro planejamento econômico, que é estrutural e de longo prazo.

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