11/03/2015 - VENTOS FORTES DA INFLAÇÃO


                                                                         

O fenômeno inflacionário ocorre quando há aumento de preços em cadeia, sem uma contrapartida na produção. Os bens e serviços ficam mais caros, pagando-se mais dinheiro por eles. Isto é, mais dinheiro estará circulando. Esta é a inflação de demanda. Outra forma de inflação é a da elevação dos custos produtivos, que são repassados aos preços. Esta é a inflação de custos. Por fim, existem sinais de que os preços administrados irão subir, tais como combustíveis e energia elétrica. Esta é a inflação de perspectiva, conforme acontece principalmente agora. As três formas convivem hoje no Brasil, ocupando-se a equipe econômica de manter o tripé da economia, composto do sistema de meta da inflação, superávit fiscal e câmbio flutuante. O referido tripé funcionou razoavelmente bem com Fernando Henrique Cardoso, muito bem com Lula. Mas, mal com Dilma. No seu primeiro mandato ela desconstruiu o citado tripé. Agora, somente tem uma saída para reconstruí-lo: tomando o remédio amargo da recessão e da alta inflacionária, via elevação da taxa de juros (cerne da política monetária), via política fiscal (elevando impostos e cortando gastos públicos), via política cambial (câmbio flutuante, com pouca intervenção; aqui está um erro; não deveria o dólar disparar, porque tem puxado demais a inflação).

Visando acompanhar o cenário econômico do País, o Banco Central realiza a Pesquisa Semanal Focus, consultando 100 especialistas. Quanto à inflação, janeiro se apresentou com 1,26%, fevereiro com 1,22% e a expectativa dos analistas ouvidos é de que março também tenha um dígito. Assim, eles esperam para este ano 7,77%, considerada a 10ª alta seguida. A elite desses profissionais, formada pelos economistas que mais acertam as projeções (Top 5), já estimam 7,97%, praticamente 8% para 2015. Mediante as posições esboçadas fica cada vez mais difícil o governo entregar a inflação no teto de 6,5%, isto é, centro da meta de 4,5% e viés de alta de 2%. Em decorrência disso, os analistas também aumentaram a retração do PIB para – 0,66%. Segundo prévias de análise de dados, o setor industrial recua sem parar. Urge uma reforma na política industrial e o governo a posterga. Partiu a equipe econômica, desde o início do ano, para o que tem resultados imediatos, que é a política fiscal, visando realizar neste ano superávit primário de 1,2% do PIB, economia de R$66 bilhões. Enquanto isto, o câmbio flutuante dispara. O dólar ultrapassou R$3,10. Em 10 dias subiu 10%. A tensão política no País fez o dólar comercial fechar com tendência de alta. Ninguém se arrisca a projetar o limite dele.

Em resumo, o Brasil já está em 6º lugar de maior inflação. Ontem, o Banco Morgan Stanley citou em relatório que o Brasil é o mais frágil dos cinco emergentes dos BRICS. É mais lenha para pressionar o grau de investimento.

 

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