16/03/2015 - ACABAR COM O JEITINHO BRASILEIRO




O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, em entrevista à revista Exame, datada de 18 deste, afirma que a falta de planejamento, de fiscalização, de projetos corretos, de verdadeiras agências reguladoras e o fim do jeitinho brasileiro é da mais alta urgência. Na verdade, não é só um jeitinho, são inúmeros jeitinhos, que são desvios, improvisações, desperdícios, falta de ética, falta de técnica, roubo, enfim, maus modos. O Brasil possui uma máquina pública gigantesca, sendo 39 ministérios, 27 unidades federativas e 5.565 municípios. Sabedores dessas históricas dificuldades, mediante regime democrático de 1946, lançou-se o Plano SALTE no Congresso, em 1948, para vigorar a partir de 1949. Depois veio o Plano de Metas de JK (1956), o Plano Trienal de Jango (1963), o PAEG de Castelo Branco (1964), o PED de Costa e Silva (1967), o I PND de Médici (1970), o II PND de Geisel (1974), o III PND de Figueredo (1979, o nome dele é mesmo assim). Perante dois choques violentos do petróleo na década de 1970, o País se desorganizou de vez e nunca mais fez planos de desenvolvimento. Depois, surgiram o Plano Cruzado, o Cruzado II, o Bresser, o Verão, o Collor, o Collor II e o Real. Todos foram programas de estabilização e nem chegaram perto de planos. Referido presidente do TCU disse, em agosto de 2014, em encontro de prefeitos, que existiam 1.450 obras em andamento, duas paradas, por determinação do TCU e 160 sem projeto básico. Muita coisa, para pouco resultado. As referidas obras são quase todas do PAC e a maioria está em atraso. A síntese do pensamento dele está a seguir, em resposta a Exame.

Exame (1ª pergunta) Por que as obras públicas costumam ser sinônimo de problemas no Brasil? Augusto Nardes – Falta planejamento de longo prazo nos órgãos públicos. No Brasil, há ministérios que não têm sequer um plano estratégico para guiar as suas ações. Eles fazem tudo da forma mais rápida possível e sem uma boa avaliação de riscos. Essa desgovernança está inviabilizando as obras e o País acaba perdendo investimentos. Exame (2ª pergunta) É o que ocorreu na Petrobras, empresa que já foi orgulho brasileiro e que hoje se encontra em meio a casos e mais casos de corrupção? Augusto Nardes – Sim. A Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, começou com um orçamento de 2,5 bilhões de dólares e já está próximo de 20 bilhões de dólares. A Petrobras quis fazer quatro refinarias ao mesmo tempo. Até agora, já mandou parar duas. Isso é decorrência da desorganização do Estado.

Em resumo, o Brasil continua parado há muitos anos, em 120º lugar entre 189 países anualmente avaliados pelo Banco Mundial, no quesito ambiente geral de negócios. Uma péssima posição, para um país de renda média (per capita, por volta de US$11 mil). Passam governos e governos e continua a enfadonha burocracia e a extensiva corrupção. A respeito disto, ontem houve manifestações em todas as 27 unidades federativas, calculando as polícias militares mais de 2,3 milhões de manifestantes no País, além de apitaços, buzinaços, panelaços, sendo a principal queixa a corrupção desmedida na Petrobras, bem como a ladroagem em geral, contra o PT e pedindo a destituição da presidente Dilma. As manifestações foram pacíficas.

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