13/03/2015 - IBGE - A QUEM SERVE?
Em tese, o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), instituição centenária, constituída sobre a
forma de autarquia, que é órgão de direito público, como o seu próprio nome
indica, é a instituição mais acreditada dentre as muitas da espécie no País.
Coleta, analisa, registra e informa estatísticas organizadas, que são de uso de
todos, servindo como parâmetros, estimativas e para equações econométricas. Os
resultados provocam interpretações que podem levar a juízos de valor sobre o
desempenho dos dirigentes políticos. Há informes estatísticos desde o Império.
Logicamente, as estatísticas melhoraram com o tempo e se tornaram mais rápidas.
Não sem motivo, os políticos do governo federal sempre tentaram manipular
informações, antes e durante a divulgação. Quando menos, propondo mudanças de
cálculos que lhes beneficiariam no curso de sua gestão.
Durante a ditadura militar
(1964-1984) houve manipulação da taxa inflacionária. Dois episódios, e aqui o
objetivo é escrever por volta de uma lauda, ficaram clássicos. O primeiro, em
1973, quando o País mais cresceu em toda a sua história, alcançando taxa de
14,3% do PIB, o governo federal informava inflação de 14%, após o primeiro
violento choque de elevação dos preços do petróleo, naquele ano. O FMI teve a
audácia de recalculá-la para 34%. Não se quer aqui se discutir como ele
calculou. Parece que o governo não incluiu a elevação dos preços dos
combustíveis e o FMI a considerou. Mas, que, depois da ditadura, o índice do
IBGE foi revisto para muito acima do que fora divulgado. O segundo, em 1979,
também depois do segundo violento choque do petróleo, embora a ditadura não
estivesse mais força para impor uma estatística falsa, o ministro Mario
Henrique Simonsen disse que a inflação, explicando-se, naquela época foi calculada
corretamente, embora indo em direção a 100%, fora causada pela elevação dos
preços do chuchu. Foi muito hilário e ainda é.
Nesta semana o IBGE que está
revendo as taxas de crescimento do PIB, considerando como investimentos certas
despesas de implantação ou pré-operacionais de projetos de inversões. Prática
que está em consonância com órgãos internacionais. Mas, com isso, as taxas vão
lá para cima. Por exemplo, a estatística conhecida de incremento do PIB de 2011
é de 2,7%. Mediante revisão irá par 3,9%. Adiante, em outro artigo aqui,
ver-se-á a série completa de 2001 a 2014. O fato é que milhares de
interpretações sobre variáveis em relação ao PIB estarão sem sentido ou fora do
foco. Quase tudo poderá ser revisto. Não sem motivo e por oportuno, as centrais
sindicais, que irão fazer manifestações hoje, contra o pacote de cortes de
direitos trabalhistas, proposto pelo governo ao Congresso, para o ajuste
fiscal, passaram também a incluir a revisão, para cima, do salário mínimo, do
período em que vigora a lei atual, conforme a lei do mesmo preceitua, que deve
ser a inflação do ano anterior, mais o incremento do PIB de dois anos antes. Já
pensou nesse adicional? Quanto isto implicará no aumento dos custos
empresariais? Aí, sim, recomposição será inflacionária, visto que os
empresários repassarão aos preços, agravando ainda mais o quadro existente.
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