09/03/2015 - SELO DE QUALIDADE AMEAÇADO
Não somente foi a Petrobras que
teve a sua nota rebaixada, de boa pagadora para incerteza de pagamentos, nestes
dois primeiros meses do ano. Mais 22 empresas brasileiras também tiveram notas
rebaixadas. Isto significa dizer que firmas gigantes, sim, geralmente são
conglomerados empresariais, que terão dificuldades na captação de empréstimos e
pagarão juros mais caros. No limite, quem tem dinheiro no mundo, destinado
exclusivamente às aplicações financeiras, são os fundos de pensão ou caixas de
previdência mundiais, as quais, por regulamentos próprios, somente investem em
firmas que tenham o grau de investimento. Isto é, sejam sólidas, de baixo risco,
que proporcionem bons resultados financeiros e recebam o aval das agências de
risco. Os mesmos critérios valem para um país. O selo de qualidade do Brasil está
ameaçado. Essa é a principal preocupação do governo, haja vista que tem, a
contragosto, na direção da equipe econômica, um economista ortodoxo, Joaquim
Levy.
A primeira conquista do grau de
investimento se deu em maio de 2008, pela Standard & Poor’s. No mesmo ano,
segui-lhe a Fitch e a Moody’s. As três maiores agências de risco conhecidas. Há
alguns dias, no dia seguinte ao rebaixamento da nota da Petrobras, não obstante
a presidente tenha diminuído a importância do ato da agência de risco Standard
& Poor’s, em ter retirado o grau de investimento da estatal, para grau
especulativo, dizendo que a agência não conhece bem a Petrobras, sendo a
credenciadora uma das três mais acreditadas do mundo, além de calcular o índice
Dow Jones e o índice S&P 500, das quinhentas maiores multinacionais, ambos
da bolsa de Nova York. Uma nova certificadora foi criada em 2013, vinda do
mercado londrino, a Economist Intelligence Unit, da revista britânica The
Economist, de mais de duzentos anos. Esta já reduziu a nota brasileira,
tirando-lhe o grau de investimento, depois da divulgação deste ano, de que a
dívida bruta ultrapassou 63% do PIB e de déficit no balanço de transações
superior a 4%, antes mesmo de ter conhecido o déficit primário do PIB, depois
de 18 anos, e da inflação em alta acentuada, anualizada, até fevereiro em 7,7%.
A causa principal do rebaixamento
das 23 empresas foi à combinação de uma economia em desaceleração e as
investigações de corrupção na Petrobras. A maioria das rebaixadas pelas citadas
três grandes agências de risco americanas são as empreiteiras, que trabalham
com a Petrobras, envolvidas na operação Lava-Jato. As referidas construtoras
estão cada vez mais apertadas, visto que a Petrobras deixou de repassar-lhes
recursos. Os bancos, por seu turno, também estão dificultando os créditos para
essas empreiteiras.
Na oportunidade, o Ministério
Público Federal propôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações de 34
parlamentares, dentre 49 denunciados, autorizadas no dia 6, pelo ministro do
STF, Teori Zavascki. O procurador geral da República, Rodrigo Janot,
identificou quatro núcleos no esquema de corrupção da Petrobras: político,
administrativo, econômico e financeiro. Quanto mais cedo as investigações
acabarem, melhor para o País, que está pondo em risco o grau de investimento a
duras penas conquistado.
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