03/03/2015 - ECONOMIA COM VIÉS DE BAIXA
Inicia-se no Brasil o quinto ano
consecutivo de fraco desempenho na economia e a tendência é de queda, queda
esta que promete ser prolongada. Há projeções de muitos tipos. As mais
pessimistas são de mais quatro anos de recessão. Sim, isto porque as consultas
feitas as principais consultorias brasileiras, cerca de 100 delas, semanalmente,
pelo próprio Banco Central, publicada em seu site como informativo Focus,
levaram a concluir que o ano passado foi recessivo. O próprio indicador de
atividade econômica brasileira do BC, o IBC-Br foi considerado de – 0,15% do
PIB em 2014. A nova equipe econômica, chefiada pelo Ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, pretende fazer um choque econômico, para que o Brasil volte a ter
superávit primário, visto que no ano passado obteve déficit primário, depois de
18 anos de superávit, meta pela qual o governo federal cumpre o pagamento de
parte da dívida vincenda e parte dos juros. O ajuste fiscal é de obter 1,2% de
superávit primário neste ano e de 2% no próximo. No cálculo do economista
Mansueto Almeida, transformar o déficit primário de 0,6% do PIB, em superávit
de 1,2% do PIB em 2015, exigirá um esforço de contenção de R$126 bilhões ou de
2,3% do PIB. O cálculo governamental é de R$66 bilhões de superávit em 2015,
partindo de base zerada. Pela lógica cartesiana, 1,2% do PIB seria R$66
bilhões, 0,6% do déficit do PIB de 2014 seria a metade do superávit prometido,
R$33 bilhões. Assim, R$99 bilhões é exatamente o valor prometido pela equipe
econômica anterior, no início de 2014.
A equipe de Levy irá cortar
gastos e aumentar impostos, conforme já se referido nesta coluna, no dia 1º
deste, que, em dois meses, já representa a estimativa de R$51 bilhões. A
consultoria Tendências estima que o forte arrocho, associado ao racionamento de
energia e a apuração do escândalo da operação Lava-Jato na Petrobras, poderá levar
a uma retração de – 2% em 2015.
A revista Exame, datada de
04-04-2014, refere-se a um estudo inédito do professor Jorge Arbache, da
Universidade de Brasília, o qual até o ano passado era assessor do BNDES, que,
tendo analisado os ciclos econômicos desde os anos de 1960, mostra que o País
entrou em ciclo recessivo em 2014 e somente sairá dele em 2018. Já, para o
respeitável economista José Roberto Mendonça de Barros: “Estamos caminhando
para ter uma nova década perdida”. Refere-se à ‘década perdida’ de 1980,
consenso de economistas nacionais, de crescimento praticamente nulo. Além do
mais, em março de 2014, a agência de risco Standard & Poor’s já tinha
rebaixado a nota da dívida brasileira, a apenas uma nota para sair do grau de
investimento. Já, para a Economist Intellingence Unit, agência de classificação
de risco da revista londrina The Economist, de mais de 200 anos, mas a agência
começou em 2013, retirou o grau de investimento brasileiro, considerando que a
dívida bruta sobre o PIB de 63%, o déficit do balanço em conta corrente
superior a 4% do PIB e déficit primário de 0,6% do PIB em 2014, não a faz
acreditar que o Brasil continue sendo bom pagador.
Em resumo, para reverter à curva
de baixa para o tramo de alta, é preciso fazer o ajuste fiscal, a reforma
tributária, além de outras reformas econômicas, abrir mais a economia ao
exterior, investir em inovação e gerar confiança nos empresários para voltarem
a investir, em cenário em que não lhe seja hostil ou de grande controle do
Estado no domínio econômico.
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