14/03/2015 - MAXIDESVALORIZAÇÃO DA MOEDA
Depois da edição do III Plano
Nacional de Desenvolvimento (1979), pelas limitações de realizá-lo, a equipe
econômica se engasgou na crise da dívida pública, pela impossibilidade de
honrá-la, em pelo menos os seus juros, recorrendo o Brasil ao FMI, que lhe
passou remédio recessivo. Assim, a forma de plano econômico de longo prazo foi
abandonada definitivamente da vida brasileira. A gestão econômica passou a
editar pacotes, contendo medidas, em síntese, de políticas monetária, fiscal e
cambial. As surpresas vinham a cavalo, dentre elas as chamadas
maxidesvalorizações cambiais, a partir de cerca de 30%, de uma só vez, começadas
na década de 1980. Após o Plano Real (1994), a surpresa sistêmica dos pacotes deixou
de ser feita. Mas, no início do segundo mandato de FHC (1999) houve seguidas
desvalorizações cambiais, até o final daquele ano, que ficou superior a 30%. Cerca
de 15 anos depois, o dólar começou a valorizar-se, desde outubro/2014 à
presente data, subindo o câmbio comercial, em relação ao dólar, de R$2,40 para mais
de R$3,20. Elevação de mais de 33% em cinco meses. Na verdade, o que ocorreu em
1999 e agora foram maxidesvalorizações desdobradas no tempo e não de uma só
vez. A diferença de agora para os anos de 1980 é que naquela época o objetivo
era estimular as exportações. Hoje é em decorrência do déficit em conta
corrente, de mais de 4% do PIB, o que demanda divisas, além de que a economia
dos Estados Unidos está tendo bom desempenho e atraindo dólar pelo mundo. Este
ficando escasso tem seu preço reajustado.
A União possui reservas externas
de US$370 bilhões. Porém, US100 bilhões estão comprometidos com contratos
futuros de venda de dólar, através de operações de swap cambial, que fora a
forma encontrada para o dólar ficar baixo, até R$2,40, mas que não tem
resistido e tem subido feito foguete, devido às más notícias ou aos déficits
apresentados pela economia brasileira, no ano passado, assim como de uma
inflação que caminha para 8%, tendo o Banco Central jogado à toalha, de que a
faria convergir para o teto de 4,5%, neste ano. O que ele afirma agora é que o perseguirá
ao longo de 2016. Dessa forma, fora outro erro, de abandonar no primeiro
mandato a política monetária ortodoxa de combater a inflação com taxa de juros,
fazendo-a com swap cambial, os economistas oficiais estão espremidos em suas opções
de curto prazo e não se arvoram para planejar no longo prazo.
Como o dólar tem subido muito,
poder-se-ia argumentar que o lado bom seria o de elevar receitas de
exportações. Contudo, o diretor Joe Bormann, da agência de risco Fitch calcula
que as exportações só ficarão competitivas se a taxa de câmbio se desvalorizar
para R$3,75.
Enfim, a situação caminha para a política
monetária, de ainda elevação da taxa básica de juros, o que faz, teoricamente,
a produção encolher; de uma taxa de câmbio para cima, elevando despesas em
geral e uma política fiscal de ajuste, que é o único tiro de prata disparado
pelo governo.
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