25/02/2015 - GRAU DE INVESTIMENTO EM PERIGO
A seguir, cinco pontos entre
parêntesis, sobre o discurso do atual Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarando,
nesta semana, na Câmara de Comércio França/Brasil, de que apesar das
perspectivas negativas para a economia brasileira neste ano “não há nada de
problemático” (1), visto que o País conta com “inúmeras vantagens” (2). Na semana passada, para um grupo de
investidores dos Estados Unidos, em Nova York, ele também tentou atrair
investimentos externos. O referido ministro disse que procura consolidar um
novo ambiente econômico: “Não há nada de problemático na economia brasileira.
Ainda há inúmeras vantagens no País, como nosso capital humano (3). Temos
certeza de que temos condições de fazer essa reengenharia (4) de nossa economia
sem grande dificuldade. No ano passado, o governo fez alguns ajustes em
programas de transferência e atacou situações em que havia distorções (5). O
governo tem de agir e consolidar um novo ambiente, que são as bases para um
novo ciclo de desenvolvimento. Na nova fase de crescimento, teremos geração de
tecnologia e valor agregado para o nosso mercado interno”. A sua estratégia
consta de três passos essenciais: estabilidade fiscal, ampliar a
competitividade dos produtos brasileiros e a continuidade das políticas
sociais. Ele está desativando a economia, na esperança de ativá-la, em bases de
austeridade. Mas, precisa de vontade do próprio governo e da confiança dos
empresários. É busca de um conserto difícil de quatro anos de erros da política
econômica.
Primeiro ponto. Em quatro anos do
primeiro mandato se deterioram as contas nacionais. Como exemplos: superávit
fiscal cadente de 3,1%, 2,4%, 1,9% e – 0,6% do PIB, de 2011 a 2014; PIB de
2,7%, 1%, 2,5%, - 0,4% (estimativa, um das visto que variam de – 0,15% a –
0,5%), de 2011 a 2014. Já, só para ficar do último exercício para este início
do ano, têm-se déficit nominal de 7% do PIB; dívida bruta em 63% do PIB; 4% do
déficit no balanço de transações correntes; déficit primário de 0,6% do PIB; inflação
acima de 7%. É problemático ou não? Segundo ponto. Inúmeras vantagens. Só se forem
potenciais, porque a economia caminha na recessão. Terceiro ponto. Capital
humano. Este precisa muito ser enriquecido pela educação ainda reprovada (notas
médias abaixo de cinco, na escala de zero a dez, conforme avaliações oficiais).
Quarto ponto. Reengenharia. Nome que esconde a vontade de reduzir o tamanho do
governo. Dilma vai deixar? Quinto ponto. Distorções. Cortando gastos públicos, direitos
trabalhistas e enfrentará Congresso e centrais sindicais?
O citado ministro está indo
procurar apoio, primeiro, do capital estrangeiro, para o Brasil não perder o
grau de investimento. Mantendo-o, quer estabilizar a economia. Porém, se não
fizer as reformas econômicas não logrará a volta do crescimento. Aliás, somente
depois de três anos poderá obter uma taxa decente, isto é, acima de 3% anuais.
A pior notícia de hoje. A agência
internacional de risco Moody’s rebaixou a nota da Petrobras, de Baa3 para Ba2,
perdendo a estatal o grau de investimento. Está efetuada a sinalização aos
mercados de que a Petrobras poderá não pagar seus compromissos e, por isso, não
é um investimento seguro. O medo é de que venha ocorrer com o Brasil.
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