24/02/2015 - INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA MUITO OCIOSA




A indústria automobilística é muito importante em qualquer país. Ela gera muitos empregos diretos e muito mais empregos indiretos. Empregos indiretos são compostos de dois conjuntos: à montante, isto é, demandando matérias primas, peças, componentes, máquinas, equipamentos, tecnologia e inovação; à jusante, vale dizer, distribuidoras, revendedoras, lojas de compra e venda, oficinas, postos de combustíveis e infraestruturas públicas e privadas. Um cálculo consagrado é o de que por cada emprego direto dez indiretos são criados no ramo de atividade delas. Pode até ter variações de região para região. Mas, dez é um número razoável de aspiração regional e aqui serve para generalização. Claro, cada projeto apresenta a sua devida criação de empregos de acordo com as características regionais.

As montadoras de automóveis no Brasil operam hoje com 53% da sua capacidade. Atualmente deixarão de ser produzidos 2,25 milhões de carros, conforme se depreende de informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).  A expectativa da ANFAVEA é de que as montadoras irão operar este ano e no próximo com cerca da metade da sua capacidade instalada. Dois novos projetos serão inaugurados nestes dois anos, fábrica da Fiat em Goiana (PE) e a da Honda em Itirapina (SP), e estão ainda incluídas, neste cálculo, as ampliações das fábricas iniciadas. Assim, a capacidade anual conjunta das montadoras irá saltar de 4,8 milhões para 5,8 milhões de carros. A demanda estimada para este ano está em torno de 2,54 milhões (53%) da atual capacidade.

Em vista deste cenário começaram a demitir. No ano passado reduziram 12,4 mil postos de trabalho. Em janeiro deste ano já foram 400 demissões. Cortes de funcionários estão sendo cogitados por quase todas as montadoras. As greves estão previstas e já atingiu a General Motors. As montadoras estão de novo pedindo incentivos ao governo para ampliar a demanda de veículos e colocando a público as suas dificuldades com pátios cheios.

A questão é: por que a indústria automobilística trabalha com grande capacidade ociosa? Desleixo não é. Muito menos burrice. Pelo contrário. Na busca por acumulação de capital, as montadoras se planejam em imensas plantas, visando obter economias de escala. Porém, há motivos velados, tais como a necessidade de manter um ‘exercito de reserva’ de mão de obra qualificada para o seu versátil perfil, visto que a maior escassez justamente é de empregados  especializados, bem como de ter instrumentos de alcance político para obter benefícios dos diferentes níveis de governo.

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