03/02/2015 - NOVA ERA DO PETRÓLEO
Dois dos maiores choques do
petróleo aconteceram nos anos de 1970, em setembro de 1973 e setembro de 1979.
Os preços foram para as nuvens, na medida de que surgia uma teoria de que as
reservas dos combustíveis fósseis se esgotariam em 50 anos. Os preços do barril
de petróleo saíram de um dígito para dois dígitos, até alcançar mais de
US$100.00. O desenvolvimento tecnológico levou a que as explorações das
reservas de xisto dos Estados Unidos e Canadá se tornaram competitivas, em
relação ao petróleo. A produção mundial disparou no ano passado, levando a que
os preços do barril começassem a cair para menos de US$50.00. De meados de 2014
para cá, o mundo com barril de três dígitos ficou para trás. Ao que tudo indica
os Estados Unidos irão ocupar o papel de regulador de preços que antes cabia à
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A nova era do petróleo
começou, mudaram os preços e a geopolítica do petróleo.
Desde março de 2014 que se
iniciou a operação Lava-Jato, sendo descoberto um enorme esquema de corrupção
na Petrobras, derrubando o preço das suas ações a cerca de 30% do valor de
2010. Os desvios de dinheiro foram inicialmente estimados em R$10 bilhões. Hoje
já admitem os investigadores que a cifra é oito vezes maior. Por outro lado, as
ações movidas contra a Petrobras mundo afora somam R$86 bilhões.
O embrulho em que se vê envolvida
a petrolífera tem gerado uma multiplicação de processos cujo efeito dominó
atinge 17.000 empresas. Cada real investido pela estatal se propaga em 3 reais
na economia brasileira. Para cada funcionário dela há quatro terceirizados. São
350.000 pessoas que dependem direta ou indiretamente das decisões da
petroleira. Após divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014, a empresa
declarou que não mais realizaria a refinaria do Maranhão, a refinaria do Ceará
e a duplicação da refinaria de Abreu e Lima de Pernambuco. A autossuficiência
está cada vez mais distante.
Em síntese, além do custo da
corrupção, que está sendo investigado, o Brasil produz petróleo a um custo
muito alto. O petróleo da camada do pré-sal não custa menos do que US$60.00 o
barril. A queda der preços veio para ficar por muito tempo. No ano passado, os
Estados Unidos e o Canadá colocaram um acréscimo de 5 milhões de barris por dia
na produção mundial. Transitar em um mundo de petróleo barato requer redução de
custos e aumento de produtividade. Enfim, o roteiro a seguir da Petrobras será
dos mais difíceis. De janeiro a setembro de 2014, o uso da capacidade das
refinarias atingiu 98%. Pelo sexto anual consecutivo se elevou a oferta de
refinados no País. Em 2014, a produção cresceu 2,1%, no total de 2,17 milhões
de barris. Ainda assim se importa bastante petróleo. A estratégia da estatal é
operar a plena capacidade, para minimizar os custos de importação de
combustíveis. A esperança é de que, passado vendaval, a empresa persiga, como
sempre tem feito, a elevação da produção e da produtividade.
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