23/02/2015 - DÉCADA ESBANJADA
Quem está chamando a década atual
de esbanjada é Paulo Rabello de Castro, Doutor em Economia por Chicago, Estados
Unidos, de onde também tem o mesmo título o atual Ministro da Fazenda, Joaquim
Levy. Rabello de Castro, em seu artigo de ontem na grande imprensa, assim se
refere: “O ministro Joaquim Levy acaba de admitir, em Nova York, que o PIB de
2014 deve fechar com variação negativa. A prévia do Banco Central (BC) para a
evolução do ano passado aponta uma queda de 0,15%. O problema não é tanto o que
já passou, mas o que virá. Nossa consultoria, RC Consultores, já estima em 1% a
queda do PIB em 2015. Se levarmos em conta umas inflação da ordem de 7% este
ano, portanto, estourando o teto da meta, devemos estar preparados para o que
chamo de ‘taxa de desconforto social’, um indicador combinado de inflação para
cima com produção, emprego e renda para baixo... Os efeitos da DÉCADA ESBANJADA
já estão aí para quem quiser ver. Um desses efeitos, talvez o mais grave, é a
intensidade da recessão que está sendo provocada pela inadimplência da
Petrobras sobre toda a cadeia produtiva dos que dela dependem. São milhares de
empregos e empresas esbanjados. Há gente fechando as portas, sem liquidez,
porque não recebe”.
A projeção dele de – 1% do PIB em
2015 é a mais pessimista até agora conhecida do mercado de consultores. Porém, o
Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal a primeira condenação de
seis empreiteiras no valor de R$4,47 bilhões da operação Lava-Jato. Dez
empreiteiras deverão também ser objeto de pleitos pelo MPF. Acrescentando-se elas,
o valor pode chegar a mais de duas vezes os R$4,47 bilhões, já que são
empreiteiras gigantes. Arredondando, R$9 bilhões, no total estimado de R$13,5
bilhões. A partir desta semana se esperam as divulgações das delações
premiadas, de nomes de políticos envolvidos na referida operação, os quais seguem,
em segredo de Justiça, crendo-se cerca de 40 deles. Estes poderão ser denunciados
ao STF. Aguarda-se também que o BNDES apresente as contas de operações
secretas, nos balanços de pelo menos dez anos, já requeridos pelo MPF. Fala-se
que o escândalo é muitas vezes maior do que o da Petrobras, este já considerado
o maior do mundo. Por fim, a Agência Nacional de Energia Elétrica disparou em
autorizações de elevação de tarifas Brasil afora. Noticia-se que as tarifas
onde estão os mais críticos pontos do fornecimento de energia elétrica, Rio de
Janeiro e São Paulo, subirão 70%. Pelo andar da carruagem, a inflação subirá
ainda mais do que prevê Rabello de Castro, tornando a “taxa de desconforto
social” ainda maior. Provavelmente, o segundo mandato da presidente Dilma
poderá ter até três anos de recessão.
Enfim, esta segunda década do
século XXI mostrou desperdícios de recursos em subsídios a grandes empresas
escolhidas e dinheiro grosso do BNDES emprestados a juros subsidiados a muitos
que não precisam, além de estupendos gastos eleitorais. Agora, no meio desta
década, que Rabello de Castro está a chamado de “década esbanjada”, justamente
porque o governo da presidente Dilma realizou no seu quarto ano déficit
primário, depois de dez anos de superávit primário. Isto vai de encontro aos
seus princípios ortodoxos da Escola de Chicago, de Estado mínimo e contenção
dos gastos públicos. Isto é, o ajuste ortodoxo.
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