04/02/2015 - CLASSE MÉDIA VULNERÁVEL




A revista quinzenal Exame, datada de hoje, edição 1082, ano 49, em artigo “O emprego em risco no Brasil”, destaca o seguinte: “A economia fraca torna 31,5 milhões de brasileiros da nova classe média vulneráveis à perda do ganha-pão. Com medo de voltar à pobreza, eles já deixam de consumir”. O artigo foi feito alguns dias atrás. Ontem, foi exposto na grande imprensa que as vendas de veículos caíram mais de 31% em janeiro, em relação a dezembro. Assim, referem-se a que o mês de janeiro foi o pior em vendas de automóveis em quatro anos. O declínio nas vendas aconteceu mesmo com os pátios das concessionárias lotados de carros, cuja alta do IPI não foi repassada ao consumidor e das várias promoções de lojistas, através de descontos e taxa zero para financiamento. Para fevereiro, a queda esperada ainda será pior, visto que têm os dias não trabalhados de carnaval, os juros estão mais altos e as medidas de ajuste anunciadas pela equipe econômica praticamente estarão em vigor. Sem perspectivas de melhoras, as montadoras anunciaram cortes na produção, pouco tempo depois de férias estendidas de fim de ano e de 19.000 demissões. Em geral, as notícias recentes dão conta de que a indústria brasileira obteve em 2014 o seu pior ano do que o ano recessivo de 2009. O recuo industrial foi de 3,2%. Grande recessão setorial.

As estatísticas do IBGE, baseadas na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) permitem entender sete classes sociais em termos de renda, quando se observa que quanto maior a renda menor o desemprego. Classe A, alta classe, renda per capita acima de R$2.901,00, desemprego de 1,7%, população de 11,8 milhões; classe B1, baixa classe alta, entre R$1.192,00 a R$2.900,00, desemprego de 2,3%, população de 31,5 milhões; classe B2, alta classe média, entre R$750,00 a R$1.191,00, desemprego de 3,4%, população de 35,4 milhões; classe C1, média classe média, entre R$517,00 a R$749,00, desemprego de 5,7%, população de 35,4 milhões; classe C2, classe média vulnerável, entre R$341,00 a R$516,00, desemprego de 9,4%, população de 31,5 milhões; classe D, intermediária, entre R$190,00 a R$340,00, desemprego de 12,3%, população de 27,5 milhões; classe E, pobres e miseráveis, entre zero a R$189,00, desemprego de 13,2%, população de 23,6 milhões.  

Segue a interpretação da revista Exame acima citada: “Segundo a consultoria Plano CDE, a parte mais vulnerável da classe média é formada por 31,5 milhões de pessoas, um terço da classe média como um todo. São brasileiros com renda familiar entre R$1.193,00 e R$1.806,00. Eles tem em média seis anos de estudo, isto é, não completaram o fundamental. Sem qualificação, muitos ficam à margem do mercado de trabalho. Apenas 44% possuem registro em carteira. ‘Os emergentes assinalados têm uma rede de contatos muito limitada e maior dificuldade para conseguir emprego após uma demissão’, diz a antropóloga Luciana Aguiar, sócia da Plano CDE”.  Na verdade, trata-se de segmentos que cortaram mais postos de trabalho, tais como exemplos são a indústria de transformação e a construção civil. Corroborando a PNAD, o cadastro nacional de dados sobre consumidores da Boa Vista SCPC apresentam que a classe C representava 49% de inadimplentes em dezembro último. “Sem emprego e com dívidas, a classe emergente está diminuindo o consumo. De acordo com a consultoria Nielsen, dentre todas as faixas de renda, apenas os vulneráveis cortaram a compra de produtos no ano passado”, concluiu a Exame.

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